Carmen, la de Ronda (1959)

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Carmen é uma sedutora cigana que encanta todos os homens e preza sobretudo a sua liberdade. A paixão avassaladora leva-os ao desespero e alguns são levados à ruína. Dentre seus casos mais marcantes está Antonio (Jorge Mistral), um guerrilheiro que luta com seu bando contra os desmandos da tropa de Napoleão. Apesar de apaixonado por Carmen, Antonio também está envolvido com Micaela (Maria de los Angeles), uma bela, porém vingativa mulher, que será capaz de entregá-lo para o inimigo, para que ele não fique com Carmen.

 Com a chegada do sargento José (Maurice Ronet), a cigana finalmente experimenta o amor e a tragédia cruza a vida dos dois amantes. Tomado pelo desejo e pelo ciúme avassalador, José não consegue lidar com tamanha independência e carisma que Carmen emana.


A novela escrita por Prosper Mérimée recebeu inúmeras versões. O IMDB cita 32 caracterizações da personagem que já foi interpretada por Theda Bara, Imperio Argentina e Rita Hayworth, dentre outras. Sara tinha por volta de 30 anos na época das filmagens e emprestou sua sensualidade ao papel que se tornou um de seus mais famosos. O problema maior veio justamente do caráter sensual da personagem, algo que incomodou bastante os fortes censores de Franco (ditador espanhol). Por causa disso, o diretor Tulio Demicheli chegou a gravar duas versões, além de outra falada em francês.
 Muitas foram as versões para a novela escrita por Prosper Mérimée. Tendo um caráter extremamente sedutor, a personagem exigia uma sensualidade tremenda, algo que para Sara Montiel não era grande problema, mas os censores franquistas chegaram a proibir algumas cenas. Por causa disso chegou-se a gravar duas versões, além de outra falada em francês.

Uma censura para uma história tão pitoresca como esta é fatal, pois o triângulo amoroso, a sensualidade explícita da personagem (que chega a despir-se em uma das cenas) e o caráter inovador da mulher costumam pedir cenas fortes para os padrões da época. Carmen é uma das personagens femininas mais fortes, mas como suas companheiras da literatura – Madame Bovary e Anna Karenina são exemplos – não consegue escapar dos grilhões da morte.

Mas incrivelmente o filme consegue força em algumas cenas, sobretudo as do envolvimento de Carmen e José e o resultado é uma carga dramática exacerbada. As canções e cenários coloridos que explodem pelo forte technicolor ampliam as sensações.
Escolhida para interpretar a bela cigana, Sara Montiel (ou Sarita) vivia seus melhores dias desde que passara em um concurso de beleza e passara a reinar no cinema. Aqui ela empresta todo o seu charme e carão à personagem, e se solta nas cenas que exigem seu canto, mostrando porque era uma das atrizes mais populares da Espanha. Como Antonio, outro ator extremamente popular, o mexicano Jorge Mistral, que durante a década de 50 realizou alguns filmes de sucesso na Espanha, como  La hermana San Sulpicio (ao lado de Carmen Sevilha) e Pequeñeces, Locura de amor (com Aurora Bautista).
 Completando o trio principal, Maurice Ronet, um ator queridíssimo na França e que nesse período já surgia com força no cenário. Ele seria um dos rostos mais presentes na nouvelle vague. Aqui no Brasil ele também é bastante conhecido por sua participação em Plein Soleil, onde atuou ao lado de outro grande astro, Alain Delon.

Passada no período da ocupação das tropas napoleonicas, o filme se passa em Ronda, região da Andaluzia e as filmagens foram locadas no local. Algumas passagens de cena, bem como a direção de atores lembra um pouco as utilizadas posteriormente em novelões mexicanos, mas nada que comprometa o resultado final.

A cena final é ao mesmo tempo romântica e trágica, e quem conhece a ópera saberá que houve algumas alterações.
Carmen la de Ronda, que recebeu o subtítulo O Diabo Feito Mulher, em português está sendo lançado pela Classicline e pode ser adquirido em qualquer loja do ramo.

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