Gilda (1946): Um Clássico do Cinema Noir com Paixão e Intriga
“Gilda” é um marco do cinema noir, combinando glamour, romance e traição em uma história envolvente estrelada pela icônica Rita Hayworth. Um clássico atemporal dos anos 40.

Buenos Aires. Johnny Farrel (Glenn Ford) ganha a vida passando pequenos golpes nos jogos de azar. Após passar por maus momentos, é salvo por Ballin Mundson (George Macready), o dono de um clube noturno. Mundson parece confiar plenamente em Johnny, e logo o contrata para trabalhar em seu clube. Pouco tempo depois, o rapaz se torna o gerente. Após uma viagem, Ballin retorna casado com uma bela mulher. Ao vê-la pela primeira vez, Johnny percebe que se trata de Gilda (Rita Hayworth), sua antiga amante. O gerente terá que cuidar dos negócios do amigo e de sua esposa, que parece mais interessada em conhecer e usufruir de bons momentos ao lado de outros homens. Pensando que Ballin é um homem bom, Johnny tentará salvar sua honra, mas logo irá sucumbir à paixão por Gilda.
Charles Vidor já havia dirigido a dupla Ford e Hayworth seis anos antes, no péssimo The Lady in Question. Olhando-os no filme de 1940, fica impossível imaginar que pouco tempo depois a dupla faria tanto sucesso. Gilda se tornou um sucesso instantâneo, maciçamente devido a sua atriz principal. Como tirar os olhos de Rita enquanto ela canta tirando as luvas? Saber que a atriz foi dublada por Anita Ellis não diminui em absoluto o charme deste momento inesquecível.
Esta música, assim como “Amado Mio”, foram compostas por Doris Fisher e Allan Roberts . Rita chegou a fazer aulas de canto, mas não conseguiu alcançar o nível esperado. Anita seguiria dublando-a em filmes posteriores como Down to Earth (1947), The Lady From Shangai (1947) e The Lovesof Carmen (1948). Confira a cena mais icônica do filme, quando Gilda canta “Put the Blame on mame”:
Um fato interessante sobre essa cena é que a atriz, quando a fez, usou um espartilho, pois havia dado a luz sua filha Rebecca alguns meses antes e ainda recuperava sua boa forma.
Os Homens dormem com Gilda e acordam comigo. (Rita Hayworth)
Como falei um pouco acima, Rita e Ford se conheciam já há algum tempo, mas durante as filmagens de Gilda intensificaram o contato. Rita passava por problemas com seu marido Welles e os boatos sobre o envolvimento dela com seu ator principal fizeram as festas dos jornais na época. Harry Cohn chegou a instalar escutas nos camarins dos artistas e perseguiu os atores, xingando Rita sempre que possível. O fato é que eles continuaram amigos durante toda a vida, e Ford seria o amigo que a socorreria durante as crises que ela teria posteriormente devido à sua doença.
Glenn Ford retornava às telas após uma ausência de três anos desde que estrelou Destroyer. Durante esse período, ele servira à Marinha. Antes de cogitarem seu nome, foi sugerido Humphrey Bogart, que naquele período definitivamente já havia se firmado como um dos atores de grande destaque. O ator, porém, se negou a aparecer em um filme com uma personagem tão forte como Gilda. Ele afirmou que a audiência não iria olhar para ele tendo uma companheira de cena tão linda quanto Rita.
Ao ser lançado, Gilda se tornou um sucesso quase imprevisível. A atriz ficou imensamente irritada ao saber que a foto da personagem estampava e dava o nome a uma bomba atômica. Ela pediu a Harry Cohn para fazer uma conferência de imprensa, mas ele negou seu pedido ao afirmar que a atriz estava sendo antipatriótica.
Gilda permaneceria durante muito tempo no imaginário popular, sendo homenageada também de outras maneiras. Em 1951 o cineasta Guru Dutt filmava Baazi, versão indiana do noir, trazendo Dev Anand com o personagem destinado a Ford. A atriz Geeta Bali interpretava Gilda. Não cheguei a assistir a essa versão para efeitos de comparação.
O filme se tornou imensamente popular na Argentina, como já era esperado. A atriz foi ovacionada quando lá esteve, e o seria sempre que retornasse à terra. Também na Espanha, com Gilda servindo de inspiração inclusive a um prato típico do local (pintxo). Você também deve saber que a musa Jessica Rabbit é uma espécie de Gilda:
Rita não sabia, mas esse papel iria mudar os rumos de sua carreira, tornando-a a atriz número 1 da Colúmbia e uma das deusas do cinema. A sensualidade de Gilda nunca mais a abandonaria, inclusive em sua vida pessoal. E isso traria muitas desilusões ao perceber que os homens buscavam a personagem icônica e se deparavam com uma mulher que estava apenas em busca de amor.