O cinema desenvolveu-se através de um amor pelas artes, mas também foi motivada por um fator que não exclui o primeiro: o dinheiro.
A primeira sessão de cinema feita pelos irmãos Lumière aconteceu em 28 de dezembro de 1895, em uma sala do Grand Café, no Boulevard Capucines, em Paris. A plateia assistiu, entre assombrada e deslumbrada as imagens em preto e branco de pessoas a se movimentar. O cinema chegava de mansinho.
Naquele período, porém, não se sabia que se tornaria um espantoso modo de ganhar dinheiro. Louis e Auguste tinham em seu aparelho, o cinetoscópio, apenas uma curiosidade, deixada de lado. Outra questão: o cinema não nasceu arte, tornou-se. As primeiras imagens reproduziam cenas do cotidiano, mas aos poucos foram sendo incorporados elementos da literatura, do teatro. Mas para que se tornasse uma arte era necessário que também oferecesse elementos próprios, e eles vieram através dos cortes, estrutura narrativa e outros elementos que o tornaram a sétima arte.
O cinema nasceu de uma adaptação, mas aos poucos foi se desenvolvendo de uma maneira própria. As limitações trazidas pela ausência da cor e do som fizeram com que houvessem adaptações necessárias. Atores começaram a exportar modos de maquiagem e interpretação dos teatros, mas esbarravam na questão do som: a pantomima e o exagero interpretativo ganharam força nos primeiros tempos, embora os rostos ainda não fossem conhecidos. A pressa na entrega do material fez com que o filme fosse tratado como um material de visualização instantânea. O fato é que cerca de 80% de tudo que foi produzido nos primeiros 30 anos está perdido. Segundo a Martin Scorsese ‘s Film Foundation os números são mais alarmantes: cerca de metade das produções antes de 1950 foram destruídas e 90% dos filmes realizados antes de 1929 foram perdidos para sempre.
Aquele modo de entretenimento começou a ganhar força, e logo as pessoas se amontoavam em pequenos teatros para assistir a filmes curtos. Eles gostavam sobretudo de comédias que ficaram conhecidas como pastelões. O nome é auto explicativo: eram comédias rasgadas que invariavelmente terminavam em confusões e tortas na cara. A Keystone produzia centenas de comédias assim para atender a demanda. E às vezes os atores faziam até 5 curtas por dia para receber 150 dólares por semana.
Charles Chaplin costumava dizer que era capaz de fazer um filme com uma câmera na mão, uma praça e uma bela moça. Não era exagero. Em geral não havia um roteiro pré estabelecido. Apenas um argumento básico, um cenário e atores. E muitas tomadas eram feitas nas ruas, jardins, corridas de cabalo ou outro evento cotidiano que pudesse render uma história rápida.
Quando o som ainda não existia, os gestos e o olhar tornaram-se o princípio de tudo. Os atores do cinema não eram considerados grandes. Muitos deles se envergonhavam do que faziam e escondiam-se atrás de bigodes, máscaras e pesadas maquiagens. Charles Chaplin foi um deles. A concepção inicial era a de que um grande ator estaria no teatro e não no cinema. Além disso, os produtores negavam-se a colocar os créditos, temerosos que futuramente os astros, já famosos, pedissem cachês mais altos. Diante disso, as atrizes eram conhecidas pelos nomes das Companhias onde trabalhavam. Assim, Florence Turner ficou conhecida como a “Vitagraph girl”. Turner estreara na Vitagraph em 1906, e se tornara a atriz mais popular da companhia. Florence Lawrence era a sua rival mais direta na Biograph, sendo mais conhecida como a “Biograph girl”.
Começaram a ser feitos filmes mais cultos, mais conhecidos como “Films d’art”, baseados em obras literárias, destinados para aquelas pessoas de gosto mais refinado. Tentava-se dar um ar mais elegante aos filmes, que de princípio eram destinados às camadas mais pobres da sociedade. David W. Griffith deu uma boa contribuição neste período. Sua forma de narrar um filme revolucionou a sétima arte, porém ele jamais foi um gênio. O diretor dividia os filmes em sequências, mostrava ações em paralelo, mudava o local do ângulo da câmara, variava os planos, usava o flash-back ou narração de efeito antigo, com o objetivo de emocionar o público. Usava, portanto, elementos já testados pelos primeiros precursores, só que de uma maneira conjunta.
O cinema visava lucro. A estética e poesia visual complementavam isto mas não sobreviviam sozinhas. Hollywood, aos poucos foi se convertendo em um centro industrial cinematográfico mais próspero de todo o mundo. Grandes empresas se reuniram levantando seus estúdios onde, além de realizar seus filmes, era construída uma atmosfera de lenda ao redor de seus ídolos. Criaram-se os mitos, estrelas e todo um mundo construído em torno de uma arte que rendia muito dinheiro.
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