Lançado em 1947, Dayse Kenyon é o título original do filme que fala sobre uma mulher dividida entre dois amores.
Daisy Kenyon é uma mulher independente mas tem um romance conturbado com Dan O’Mara, um conhecido advogado que faz um imenso sucesso. Ele é ciente de seu carisma, e parte dele vem da imagem familiar que ele tem com sua esposa e filhos. Mesmo apaixonado por Daisy, ele não parece muito disposto a abrir mão do status social e pedir o divórcio.
Daisy está cansada de tudo isso, embora o ame. E em meio a um turbilhão de emoções, conhece Peter Lapham (Henry Fonda), um simpático e pobre viúvo. Mesmo sabendo das implicações de amar uma mulher que tem olhos para outro, começa a corteja-la. Ao contrário de Dan, Peter é um homem calmo, e sua espera paciente faz com que a mulher inicialmente o rejeite. Aos poucos, porém, ela começa a pensar na possibilidade de ter uma saudável vida ao lado de um marido e seus próprios filhos.
Este filme dirigido pelo experiente Otto Preminger toca num assunto muito incômodo para as plateias moralistas dos anos 40. Naquele período era mesmo difícil criar alguma simpatia por uma personagem como a Daisy, uma mulher que “ameaçava” a paz familiar e insinuava um divórcio. Bem, isso algo bastante constrangedor para o público em geral em uma América que buscava mostrar um estilo de vida saudável e com tudo no lugar.
E dificilmente um roteiro naquele período iria culminar com um final diferente daquele escolhido. Isso porque entrou em questão também o famigerado código de produção, que exigiu mudanças e mudanças no roteiro original, baseado no romance de Elizabeth Janeway.
Acuada pelos dois homens, Daisy tem que escolher um só ou seguir sua estrada sozinha. Após idas e vindas, finalmente Otto conseguiu a aprovação do final que é um tanto quanto forçado. Mas é o que poderiam ter naqueles dias. Otto já era um velho conhecido dos censores e já estava bem acostumado com essas idas e vindas dos roteiros que mandava para eles. Como aprovar um homem casado tendo um romance com uma mulher e pensando em separar-se de sua tão nobre família? Boa parte do que vemos, portanto, foi mais uma forçação do que uma escolha dos roteiristas e do cineasta.
Joan Crawford desde o início se interessou em interpretar a personagem mas tinha um pequeno probleminha. Se hoje ainda vemos pessoas e a imprensa pegando no pé de mulheres de 30 anos interpretando mulheres solteiras, imagine isso há décadas atrás. A atriz já era considerada idosa para o papel embora seus colegas de elenco, Henry Fonda e Dana Andrews tivessem a mesma faixa etária que ela. A dificuldade foi parcialmente solucionada com muita maquiagem e jogos de luzes que buscavam deixa-la mais jovem.
Considero esse um ótimo filme do ponto de vista técnico, e curioso para observarmos hábitos moralistas daquele período. Muito bom dirigido, não consta apesar disso entre os mais lembrados do cineasta Otto Preminger, mas merece sempre uma revisão.
* Êxtase de Amor foi lançado em dvd pela Classicline e pode ser adquirido diretamente no site da distribuidora. Clique na imagem para ser redirecionado: