As várias faces de Jackie Coogan

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Ele foi o garoto mais famoso da década de 20, responsável pela criação de uma lei de proteção aos atores mirins e o Tio Funéreo da Família Addams.

John Leslie Coogan Jr., mais conhecido como Jackie Coogan, nasceu em 26 de outubro de 1914, em Los Angeles. Filho de artistas, logo cedo subiu aos palcos para trabalhar ao lado do pai. E foi assim que ele foi visto por Charles Chaplin, por volta de 1917 enquanto fazia uma apresentação em Hollywood. Após esse encontro, o famoso diretor ficaria algum tempo sem ouvir falar ou pensar no garotinho. Esse foi um período complicado na vida dele, pois sua primeira esposa Mildred perdera o filho ao nascer, o casamento declinava e sua criatividade estava abaixo de zero.

Até que um dia lhe veio a notícia que Jackie Coogan tinha sido contratado por Roscoe Arbuckle para um filme. Foi o suficiente para seu mundo cair ao não ter pensado nisso antes do companheiro de Estúdio. Perdera uma oportunidade. Foi aí que surgiu a idéia de The Kid. Mas o filme não poderia ser o mesmo sem Coogan, pensou ele. E não mesmo.

Aos cinco anos de idade, fora o salário de 75 dólares, Jackie recebeu 5 mil como bônus pela sua participação. Seu salário no filme seguinte já aumentaria para mil dólares por semana. Em seguida, um contrato no valor de 500 mil e 60% dos lucros na MGM. Jackie se tornou o maior destaque entre as estrelinhas infantis. Seu nome estampava matérias de jornais e revistas. Ele era tão popular quanto Rodolfo Valentino e Chaplin. Dentre seus sucessos, “Peck’s a Bad Boy” (1921), “Oliver Twist” (1922), “The Rag Man” (1925).

Jackie Coogan e Mitzi Green em Tom Sawyer (1930)

Quando chegou a adolescência, porém, os papéis foram escasseando. Aos 20 anos ele perdeu o pai em um acidente de carro. Jackie, que estava no local, foi o único sobrevivente. Segundo o ator, em entrevista de 1972, os fatos que se desenrolaram depois disso poderiam ter sido diferente se o pai estivesse vivo, pois aos 21 anos de idade ele receberia toda a fortuna que ganhara na infância.

Mas sua mãe Lillian e Arthur Bernstein e o padrasto já tinham gasto quase tudo em jóias e carros. Jackie, que trabalhara toda a infância não recebeu nada e sua mãe ainda falou que Jackie não tinha nenhum direito. “A lei está do nosso lado, e Jackie Coogan não receberá um centavo de seus ganhos passados“, declarou Bernstein em uma coletiva de imprensa.

Jackie e os pais na infância. Sua mãe gastou quase tudo que ele ganhou.

Durante a batalha legal, Jackie procurou Chaplin, que o ajudou com mil dólares. De US $ 4 milhões que tinha direito, ele recebeu apenas US $ 35.000. A batalha legal entre Jackie e sua mãe resultou em uma lei que protege os atores mirins em 1939.

Com Chaplin 10 anos depois.

“Quarenta e oito horas depois de ter apresentado o meu processo, eles lançaram uma nova lei através do Legislativo”, disse ele. “A medida dizia que todos os ganhos dos atores menores deveriam ser depositados em fundos fiduciários administrados pelo tribunal.”, revelou Jackie em 1972 em uma entrevista.

Jackie Coogan como Tio Funéreo em The Addams Family: Thing is Missing (1965)

Após a segunda guerra mundial ele voltou-se à televisão, aparecendo em alguns séries. A mais famosa dela The Addams Family, onde interpretava o Tio Funéreo. Permaneceu dois anos no ar com a série, fazendo também algumas participações em filmes tipo B. Ele seguiu fazendo participações em séries televisivas durante toda a década de 70.

Casamentos

 

Jackie casou-se quatro vezes:

Seu primeiro casamento foi com a estrela Betty Grable, com quem ficou entre 1935 e 1939.

 

Em 1941 ele se casou com Flower Parry, com quem teve um filho, John Anthony Coogan (1942). Após o divórcio com Flower, ele se casou em 1946 com Ann McCoemack. O casal teve uma filha, Joann (1948).

Com Ann e sua filha

O último dos casamentos foi com Dotothea Odetta Hanson, uma dançarina com quem ele se casou em 1952. O casal permaneceria junto por 30 anos até a morte dele, tendo dois filhos, Leslie Diane (1953) e Christopher (1967 – 1990).

Jackie faleceu de um ataque cardíaco em 1 de março de 1984. Quando Chaplin retornou à América em 1972, foi recepcioná-lo no aeroporto, e o encontro foi emocionante, conforme explico nessa matéria. Chaplin chamou-o de gênio.

 

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