Aos 14 anos ela já brilhava nas pistas de patinação. Não demorou muito tempo para que essa norueguesa mudasse para Hollywood e conquistasse o mundo. Conheça a trajetória de Sonja Henie, a patinadora, atriz e empresária que se tornou uma das mulheres mais ricas do mundo mas não escapou do escândalo de ser considerada uma aliada de Hitler.
Sonja Henie tinha alguns apelidos curiosos: Pavlova do Gelo, A Rainha Gelada da Noruega e Cisne Branco, dentre outros. Iniciou sua fama como patinadora, mas sua história parecia traçada desde o nascimento. Ela nasceu em 8 de abril de 1912 em Oslo, Noruega. Seu pai, Wilhelm Henie, era um campeão mundial de ciclismo e, melhor do que isso, um riquíssimo comerciante de peles.
Para você ter ideia, a família era bastante conhecida no ramo, vendendo peles para ricos, famosos e até reis. Sendo assim, sobrava dinheiro para que ele e sua esposa Sema Nielsen investissem na pequena Sonja, que desde muito pequena, começou a praticar esportes. Aos quatro anos ela dava suas primeiras voltas em pistas de patinação, e aos 10 estava competindo e acumulando experiência.
Aos onze anos ela venceu o campeonato norueguês. Em 1926 seria segunda no Campeonato Mundial de Patinação. Mas a partir de 1927 ela ganharia cada uma das competições mundiais até 1936. A primeira medalha olímpica veio em 1928, seguida de 1932 e 1936.
Confira esse vídeo que traz a patinadora em 1928:
Sonja renovou a patinação ao trazer piruetas modernas e coreografias originadas das aulas que tivera com a famosa professora Tamara Karsavina. O dinheiro facilitava sua vida, mas apesar de vários prêmios em campeonatos, ela também ficou famosa pela controvérsia envolvendo seu terceiro título olímpico de 1936, onde muitos acreditavam que ela não deveria ter ganho.
Seus títulos também a tornaram conhecida em vários pontos não só da Europa, mas também na América. E foi assim que Sonja decidiu que estava pronta para investir em uma nova carreira: a do cinema. Acostumada a vencer sempre e a ter tudo do bom ou do melhor, ela não se venderia por pouco.
Sonja parte para a capital do Cinema!
Se aos 14 ela já estava pronta para ser a rainha da patinação, aos 24 queria dominar o mundo. Ao partir para a América já dava como certo um contrato milionário com a Twentieth Century Fox. Em um ano deveria aparecer em dois filmes que lhe renderiam 250.000 dólares. Cinco mil semanais era mais do que as atrizes iniciantes recebiam. A cifra era aumentada com pequenas exibições que custavam 327.000 dólares. Posteriormente esses números dobrariam, tornando-a uma das mulheres mais ricas de sua época.
Em suma, Sonja jamais saía de casa se não fosse para receber algo em troca. Até mesmo participações na rádio e festas eram devidamente cobradas. A atriz que falava norueguês, alemão, inglês e francês também era uma assídua leitora e colecionadora de artes.
Logo ela aparecia em jantares e festas acompanhada de Tyrone Power, o solteiro mais cobiçado da época. Não há realmente uma comprovação disso, mas muito se fala que os dois não passaram de bons amigos.
Naquele período (e em posteriores) era bastante comum que o estúdio arranjasse pares para seus atores e atrizes, unindo-as em fantasiosos romances que vendiam muitas revistas. Ainda mais que os dois protagonizariam em 1937 a película Ela e o Príncipe (Thin Ice, 1937), segundo filme dela em Hollywood.
De olho nesse público que consumia suas danças, ela aproveitou. A Condessa de Monte Cristo (1948) seria seu último filme, mas nesse período Sonja já estava estabelecida como uma empresária muito bem sucedida, que levava espetáculos no gelo por todo o país, o “Hollywood Ice Revue” e “Sonja Henie Ice Revue” na década seguinte.
No final da década de 50 o público já demonstrava cansaço desse tipo de espetáculo. A atriz também apresentava problemas pessoais, que aliados ao alcoolismo, faziam com que ela não tivesse mais a mesma graça que antes. Sonja ainda pensava em retornar ao cinema, mas tudo se revelou um grande fracasso.
Sonja apoiava o nazismo?
Sonja Henie também teve seu nome envolvido em um grande escândalo que lhe acompanharia durante toda a vida e que ainda hoje é alvo de especulações: uma possível simpatia com o nazismo.
Tudo começou em 1936, quando ela foi informada que Hitler estava na platéia em sua apresentação em Berlin. Ela foi até ele e o Führer a cumprimentou com a saudação nazista. A multidão foi abaixo e os jornais questionavam se ela apoiava o ditador. Aquele momento caiu como um véu negro em sua vida. Segundo especulações, ela também teria aceitado participar de jantares e festas organizadas por Hitler, além de ter recebido um poster autografado.
Ao longo de toda a sua vida, Sonja se acostumou a ver líderes mundiais em seus shows, e os cumprimentava com a mesma reverência. Mas ser simpático com um nazista não caíam muito bem, sobretudo quando sua casa na Noruega deixou de ser invadida quando os soldados viram o poster autografado de Hitler em cima de um piano. Isso fez com que ela fosse tratada como uma traidora pelos noruegueses durante um bom tempo.
Segundo seu irmão sim. Ela nem sabia o que era nazismo. Para o patinador Dick Button, ela era uma aproveitadora, e teria se unido a qualquer um que lhe possibilitasse ganhar dinheiro e fama.
Mais tarde, quando se naturalizou cidadã americana, Sonja evitava tocar no assunto, e em declarações públicas sempre demonstrava horror ao nazismo. Ignorância por parte dela? Não sei. Mas o fato é que em 1954 ela tocou novamente no assunto em sua autobiografia, defendendo-se ao dizer que nunca o cumprimentou com a saudação nazista…