O Toque Ernst Lubitsch em seus Melhores Filmes

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Seus filmes eram considerados tão sofisticados que passaram a receber a alcunha de terem um “toque Lubitsch”. O diretor trazia temas modernos para os padrões da época, e respostas nem um pouco convencionais a suas comédias geniais e dramas históricos.

Ernst Lubitsch nasceu em Berlim em 28 de janeiro de 1892. Após trabalhar com o pai em sua alfaiataria, iniciaria sua incursão pelas artes através do teatro. Em 1912 começaria a trabalhar como ator também no cinema. Mas ele estava de olho em outra função: queria se tornar diretor. Após alguns curtas, lançou  Os Olhos da Múmia / Die Augen der Mumie Ma (1918), que trazia Pola Negri no papel principal. Considerada uma das rainhas dos dramas, Pola se tornaria uma de suas atrizes preferidas. O diretor chegou a declarar que “jamais encontrei uma criatura de tanta vitalidade e magnetismo. Artista de uma sensibilidade muito viva e um ser humano único“. A dupla iria repetir a dose em Madame Bovary (1919) e posteriormente em Hollywood com Paraíso Proibido (1924).

Ernst com Pola Negri, uma de suas atrizes preferidas

Sua fama logo se espalhou e ele foi chamado por Mary Pickford para a dirigir em uma produção americana. As filmagens foram infrutíferas, pois atriz e diretor não se comunicavam bem. Sem dúvidas deve ter sido um embate interessante, já que Mary era conhecida por seu vigor em suas produções, e por interferir diretamente em cada uma delas. tinha bastante experiência e raramente se deixava ser levada. A atriz reclamou posteriormente que Lubitsch era um diretor obcecado em abrir e fechar portas em seus filmes. Um traço realmente curioso se formos ver que de fato isso acontece. Porém, ao ser lançado, Rosita alcançou grande êxito, firmando o diretor entre os grandes de sua época.

Ernst Lubitsch ao lado de Charles Chaplin, Mary Pickford e Douglas Fairbanks Jr.

O diretor firmou seu nome trabalhando para os maiores estúdios de Hollywood: Paramount, Warner, MGM e 20th Century Fox. Em cada uma deixou sua marca. Seus diálogos satíricos e libidinosos passavam pelo crivo da forte censura, sobretudo após a instituição do código Hays. Mesmo assim seu estilo se sobressaiu através de um exercício cada vez mais eficaz de seu estilo refinado em que ridicularizava preconceitos e futilidades da sociedade. Em 1947 o diretor recebeu um Oscar por sua contribuição ao cinema.

Ernst Lubitsch, Melvyn Douglas e Greta Garbo nos sets de Ninotchka (1939)

Ernst porém não viveria muito. Em 30 de novembro do mesmo ano sofreria um ataque cardíaco que tiraria sua vida. Estava ainda terminando seu trabalho mais recente, A Condessa Se Rende / That Lady in Ermine, que teve que ser finalizado por Otto Preminger. Todos ficaram muito tocados por sua partida precoce. Dentre eles estava Billy Wilder, que ajudara no roteiro de alguns filmes do diretor. Em várias entrevistas, ele chegara a afirmar que havia uma frase em seu escritório que dizia: “Como Lubitsch faria isto?”.

Ernst Lubitsch faleceu aos 55 anos e deixou um legado de 76 produções. Abaixo uma relação de seus melhores filmes:

Não Quero Ser Um Homem / Ich möchte kein Mann sein (1918): Lubitsch já começava a tocar em assuntos que iriam chocar um público tradicional. Aqui a mocinha (Ossi Oswalda) deseja alcançar os privilégios dados aos homens. Para isso disfarça-se como um deles, passando a frequentar os locais e a fumar em público. Se você gostou de Victor/Victoria, poderia dar uma olhadinha neste título que encontra-se facilmente no youtube.
Madame DuBarry (1919): Trazendo Pola Negri e Emil Jannings nos papéis principais, conta a história da mais famosa amante do rei Luis XV da França. O filme foi o responsável por lançar as carreiras internacionais do diretor e da atriz Pola Negri. Ambos partiram para a América.
O Príncipe Estudante / The Student Prince (1927): Ramon Novarro é o príncipe Karl Heinrich. Ele se apaixona por uma Kathi (Norma Shearer), uma jovem plebeia. O romance seria dirigida por Erich von Stroheim, que negou o convite após ter tido uma experiência negativa em seu último trabalho para a MGM.
Ladrão de Alcova / Trouble in Paradise (1932): Mesmo passados tantas décadas após seu lançamento, Trouble in Paradise mantém o frescor com a sagacidade de seus diálogos e extrema sensualidade. Traz Herbet Marshall e Miriam Hopkins como pessoas que vivem de dar golpes. Os dois se apaixonam, claro, e passam a aplicar os golpes em conjunto. O filme foi tirado de circulação pela censura.
Sócios no Amor / Design for Living (1933): Apenas pense na ousadia em mostrar um romance entre três pessoas. Sim, Ernst já falava em poliamor nesta deliciosa comédia que traz Fredric March e Gary Cooper se dividindo em atenções por Miriam Hopkins. É um filme imperdível.
Anjo / Angel (1937): A deusa Marlene Dietrich está divina como uma mulher desprezada pelo marido e que inicia um romance com outro homem. Sim Ernst adorava um triângulo amoroso. Traz no elenco Herbert Marshall.
A Oitava Esposa de Barba Azul / Bluebeard’s Eighth Wife (1938): Essa é uma deliciosa comédia que traz Claudette Colbert interessada por um belo e maravilhoso Gary Cooper. Mas há um pequeno problema: o rapaz é conhecido por ter uma lista imensa de ex-esposas, e ela não deseja se tornar mais uma. Traz no elenco David Niven, e chamam a atenção os belos figurinos feitos por Travis Banton.
Ninotchka (1939): Os letreiros diziam: Garbo ri!!!!! A atriz que fez inúmeros dramas aparecia em uma comédia do Ernst como uma russa que parte para Paris em uma missão. Bem, ela acaba conhecendo um homem que lhe mostra as belezas da vida. Esse se tornou um dos preferidos do diretor. Bem, como não amar? Traz também no elenco Melvyn Douglas.
A Loja da Esquina/ The Shop Around the Corner (1940): Sabe aqueles filmes que assistimos e terminamos com um sorriso no rosto? Então. A Loja da Esquina traz uma história que foi refilmada algumas vezes (A Noiva Desconhecida, Mens@gem para você) e mostra um casal que se apaixona através de correspondência. O acaso faz com que trabalhem no mesmo local, mas eles não se reconhecem. James Stewart e Margaret Sullavan dão o tom correto da comédia romântica que traz ainda Frank Morgan.
Ser ou Não Ser / To Be or Not to Be (1942): Este foi o último filme estrelado por Carole Lombard, que faleceu pouco tempo depois em um acidente aéreo. Um grupo de atores se apresenta na Polônia. Eles são reconhecidos por sua deliciosa canastrice, e não consegue emplacar muitos sucessos. Explode a guerra e eles resolvem fazer alguma coisa para impedir os nazistas. É neste momento que se dão conta que, afinal, eles não são tão ruins assim interpretando, já que conseguem enganar direitinho os servidores do ditador.
O Diabo Disse Não / Heaven Can Wait (1943): Amo o filme e odeio esse título nacional. Bem, Henry Van Cleve (Don Ameche) é um playboy que está morto e passa a contar suas aventuras para o Diabo. Dentre as histórias está a do grande amor de sua vida, a bela Martha (Gene Tierney). Esse foi o único filme completo do diretor feito em cores.

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