Corinne Griffith, a atriz que serviu de inspiração para Fedora, de Billy Wilder

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Ela tinha um dos rostos mais lindos do cinema mudo, mas a chegada do som fez com que partisse para outras profissões: escritora e dona de imóveis. Morreu milionária, mas afirmava no final da vida que a atriz Corinne falecera ainda jovem e que ela era apenas sua irmã mais jovem. Confira essa louca história.

Corinne Mae Griffith nasceu em 21 de novembro de 1894 no Texas. Sua família fazia parte da sociedade de Nova Orleans, e era bastante tradicional e republicana, deixando nela a herança política que carregaria por toda a vida. Ao crescer, tornava-se claro que era uma bela moça, ganhando um concurso de beleza na cidade de Nova Orleans.

Com o cinema em ascensão, conseguiu convencer os pais a partir para a Califórnia. Logo conseguiu um contrato com a companhia Vitagraph em 1916, onde fez sua estreia em La Paloma, filme provavelmente perdido. Durante todo esse ano participou de outros curtas onde foi ganhando experiência. Em 1917 fez alguns longas e médias metragens e conseguiu algum destaque.

Corinne começou a se tornar popular ainda no final da década de 10, chegando a criar sua própria produtora, a Corinne Griffith Productions, que distribuía seus filmes para a First National. A atriz  também era uma das poucas profissionais que se dedicava a ver os copiões após as filmagens e a ler os roteiros, sabendo dos detalhes sobre as produções das quais participava.

Seus colegas a definiam como uma pessoa calma, educada e reservada, mas nada esnobe. Além disso, sabia negociar bem seus contratos e participações. Tanto que o diretor D. W. Griffith a considerava a empresária mais astuta dos filmes mudos desde a chegada de Mary Pickford, segundo o site Silents are Golden.

Ela cuidava muito bem do dinheiro que ganhava, tanto que mesmo na época em que era famosa, evitava gastar exorbitantemente como outras estrelas, preferindo guardar e economizar, gastando apenas o necessário. Hospedava-se em hotéis e quando comprou uma casa foi uma bem discreta, como sua vida em geral era na maior parte de sua vida.

Seus papéis mais memoráveis ocorreram em meados da década de 20, com participações em filmes como O Poder da Sedução (Love’s Wilderness, 1924), A Princesa Russa (Into Her Kingdom, 1926) e A Dama em Arminho (The Lady in Ermine, 1927).

O ponto alto de sua carreira, quando foi indicada para o Oscar por sua participação em A Divina Dama (The Divine Lady, 1929), de Frank Lloyd marcou também um ponto crucial que estava sendo particularmente difícil para todos. Quando sua voz foi ouvida em Quero Ser Feliz! (Lilies of the Field , 1930), percebeu-se que não era boa para os filmes sonoros. Ela também chegou a gravar uma abertura que era exibida antes do filme, mas infelizmente Lilies of the Field foi perdido, e dele há apenas um pequeno trecho onde ela não aparece.

 

Há vida pós Cinema

Diante disso, após fazer mais duas participações, ela decidiu se retirar das telas. Mas não pense que se tornou uma mulher frustrada. Ao contrário. A ex-atriz tinha talentos extras: tornou-se uma escritora de sucesso lançando vários livros ao longo das décadas, alguns deles se tornando best sellers como “My Life with the Redskins”.

“Delicate Condition” era um livro biográfico, e que tratava de seu relacionamento com seu pai. Em 1963 foi adaptado para as telas como O Estado Interessante de Papai (1963). Ela queria ter tido Fred Astaire no papel principal, mas não conseguiu. O filme se tornou um grande fracasso de bilheteria e crítica.

Enquanto escrevia, ela também se dedicava ao ramo imobiliário, sendo dona de vários prédios em Los Angeles e se tornando uma das mulheres mais ricas do mundo. Mas raramente era vista em público.

Corinne também é compositora da música  “Hail to os Redskins”, um dos hinos de futebol mais famosos dos Estados Unidos:

 

Agora um pouco de sua vida particular, que foi bem discreta, na maior parte das vezes…

Corinne foi casada quatro vezes e adotou duas filhas, Pamela e Cynthia. Os seus primeiros casamentos foram com atores ou produtores: Webster Campbell (1916 -1923), Walter Morosco (1924 – 1934), George Preston Marshal (1936 – 1958) e Danny Scholl (1965). Todos terminados em divórcio, mas sem grandes notícias até o último. O último, então, foi um escândalo e se tornou manchete.

O ator Danny Scholl ficou casado com ela apenas 33 dias num dos casamentos mais estranhos que já ouvi. Ele era um ator da Broadway que não fazia muito sucesso e já tinha 45 anos. 25 a menos que a atriz. No pedido de divórcio, Corinne afirmou que Danny não se casara com a atriz Corinne Griffith, já que ela não era a veterana atriz, e sim sua irmã mais nova (!!!!!).

E que tomara seu lugar após a morte da famosa atriz décadas antes. Ela conseguiu o divórcio e não se falou mais nisso, até que Tom Tryon escreveu o romance Fedora, baseando-se nesse estranho caso. Em 1979,  Billy Wilder levaria a história às telas no filme de mesmo título e que trazia Marthe Keller no papel de uma atriz do cinema mudo que se escondia de todos e espantava pela extrema juventude.

Henry Fonda e Marthe Keller em Fedora (1978)

Como não temos fotos de Corinne idosa, é difícil dizer algo a respeito. Mas ela faleceu em 13 de julho de 1979 aos 84 anos.  No momento de sua morte, acumulara uma das maiores fortunas dos EUA, o que a tornava uma das mulheres mais ricas com um patrimônio que beirava os 150 milhões de dólares.

Fontes: IMDBSilents Are Golden

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