Apesar de nunca ter sido considerado um grande ator, Errol Flynn chamava a atenção por sua beleza e graça. Porém, anos dedicadas ao vício e à vida louca fizeram com envelhecesse precocemente. Aos 50 anos, Errol não lembrava em nada o antigo galã que um dia fora. Confira um pouco mais sobre sua história.
Nascido em 20 de junho de 1909 na Tasmânia (Austrália), Errol Leslie Thomson Flynn tinhas ascendência irlandesa e escocesa. Desde muito jovem já era considerado um rebelde: foi expulso de uma escola após ter se envolvido com uma funcionária. Além disso não era incomum vê-lo em brigas constantes. Sua família partiu para a Inglaterra. E foi lá que ele conseguiu seus primeiros empregos que em nada tinham a ver com o mundo artístico. Foi funcionário de uma companhia de navegação, policial, trabalhou em uma plantação de coco, foi marinheiro e mineiro de ouro.
Começou a se apresentar em palcos ingleses, mas logo receberia um convite do produtor Charles Chauvell para trabalhar em In the Wake of the Bounty (1933). Chauvel estava à procura de um homem bonito para interpretar Fletcher Christian quando achou Errol em um artigo de jornal. O filme teve forte censura, pois apresentava cenas de nudez durante as danças. Após algumas participações, chegaria a Hollywood com A Noiva Curiosa, The case of the Curius Bride (1935), de Michael Curtiz. Suas duas cenas chamaram a atenção e ele logo se tornaria um grande astro.
Douglas Fairbanks era o grande herói de capa e espada nos primeiros tempos, mas na década de 30 já não tinha o mesmo brilho de antes. Seu último filme lançado em 1934 (The Private Life of Don Juan) mostrava que a posição já devia ser ocupada por um ator mais jovem. Em O Capitão Blood (Captain Blood, 1935), Errol iniciava seu reinado e uma parceria ao lado de Olivia de Havilland.
Seguiram-se outros filmes no mesmo estilo com The Prince and the Pauper (1937), The Adventures of Robin Hood (1938) e The Private Lives of Elizabeth and Essex (1939). No último, trabalhou ao lado de uma muito exigente Bette Davis. A atriz estava inconformada, pois queria ao seu lado Laurence Olivier. Com isso, não soube disfarçar sua insatisfação durante todas as filmagens, tratando o ator mal. Foi somente pouco antes de morrer, que a veterana atriz diria à sua amiga Olivia de Havilland que ele não era assim tão mal.
O ator também faria alguns westerns como Dodge City (1939) foi o primeiro, seguido de Santa Fe Trail (1940) e Virginia City (1940), dentre outros. Ficava cada vez mais evidente que sua beleza, aliada a uma personalidade controversa, garantiam mais sucesso do que propriamente seu talento.
Vida Íntima
Errol não se fartava de contar vantagens sobre si mesmo. Para os amigos, dizia ter dormido com cerca de 12 mil mulheres, muitas das quais o procuravam em seu camarim. O ator gostava de fazer farrinhas em sua casa, e convidava muitos amigos para elas. De acordo com controversa biografia “Errol Flynn: The untold Story”, de Charles Higham, ele seria bissexual. Higham defende que ele teve romances com Tyrone Power, Howard Hughes e Truman Capote, dentre outros.
Higham também afirmou que o ator teria sido um espião nazista e que simpatizava com Hitler. Não há, contudo, provas substanciais sobre o assunto que teria sido negado em outras biografias como My Days With Errol Flynn: The Autobiography of a Stuntman, de Buster Wiles. Segundo Wiles, o ator seria de esquerda, , tendo sido defensor da revolução cubana.
O ator constantemente dava festas em seu iate. Festas regadas a muitas bebidas, drogas e sexo. Eram certas as presenças de mulheres jovens, muitas das quais menores de idade. Em 1942, Errol envolveu-se em um grandes escândalo quando foi acusado de estupro de Peggy Satterlee, que ainda era menor de idade. Ele foi julgado inocente após seus advogados argumentarem que ela não era virgem. A popularidade do ator, porém, foi bastante abalada pelo escândalo.
Olivia de Havilland também teve seu nome envolvido com o dele, embora tenha negado boa parte da vida que tenha tido um romance com o ator. Na verdade, ela prefere tratar o assunto como uma paquera sem maldades, e que o romance não aconteceu porque na época ele estava casado com Lili Damita.
O ator foi casado três vezes. A primeira delas com a atriz Lili Damita, ex-esposa de Michael Curtiz. Errol e Damita formavam um lindo casal juntos, mas a união mostrou-se ser explosiva, pois brigavam constantemente. Mesmo assim o casamento durou 7 anos e eles tiveram um filho juntos, Sean Flynn.
Sean Flynn se tornaria jornalista da TIME, e teria uma morte misteriosa após ter sido capturado por guerrilheiros. Sua mãe Lili, passou boa parte de sua vida posterior em busca dos restos mortais do filho que jamais foi encontrado.
Sua segunda esposa foi a atriz Nora Eddington. O casamento durou entre 1943 e 1948, e juntos tiveram dois filhos (Deirdre e Rory). A atriz tinha na época 20 anos, e trabalhava no tribunal durante o processo de julgamento contra Errol.
Errol foi casado uma última vez, com Patrice Wymore em 1950. Tiveram uma filha, Arnella. Ela parou de trabalhar temporariamente com o nascimento da filha, e chegou a aparecer ao lado do marido em King’s Rhapsody. Patricia também aproveitou o tempo para cuidar da saúde dele, que se deteriorava dia a dia. Apesar de nunca se divorciarem, estavam separados quando ele faleceu.
Últimos Tempos
Após 30 filmes, muitos dos quais grandes sucessos, chegaria ao declínio na década de 50. Nesse período, ele chegaria a trabalhar na Inglaterra em filmes como The Master of Ballantrae (1953), mas se tornava cada dia mais evidente que os anos aliados à uma péssima qualidade de vida trouxeram danos irreparáveis à sua estrutura física. Aos 41 anos o ator em quase nada lembrava o antigo galã de antes. Com um estilo de vida boêmio, teve sérios problemas com o alcoolismo.
Seu último romance foi com Beverly Aadland, que conheceu quando ela tinha 15 anos. O romance foi considerado um grande escândalo. Na década de 60, a mãe dela escreveu um livro contando sobre o relacionamento de sua filha e Flynn. Ela afirma, dentre outras coisas, que o veterano ator tirou a virgindade de sua filha. Em troca prometeu que iria facilitar sua carreira em Hollywood.
Em 1959, Errol sofreu um ataque cardíaco. Sofria de problemas no fígado, cólon e dificilmente sairia vivo. Tinha apenas 50 anos quando faleceu nos braços de Beverly e não lembrava mais o antigo galã que fora.
Fontes: The Guardian, The Hairpin, Greenbriapictureshow, Hollywoodreporter, Utas.edu, Nypost, Trove, IMDB, Vanityfair, Dailymail