Florence Deshon desde cedo tentara carreira no cinema, tendo tido diversas negativas. Um belo dia foi chamada por Goldwyn, que lhe oferecia um salário de 400 dólares a semana, um guarda roupa novo e um apartamento magnífico. Ela ficou feliz, mas ao mesmo tempo estranhou o fato de uma atriz iniciante ganhar tantos luxos de uma hora para outra. A explicação veio mais tarde: Charles Chaplin a financiou.
Ele tinha ficado tocado com a história da jovem atriz, que não conseguia papéis devido ao seu envolvimento com o socialismo. Florence lia Li Poe e John Milton, era muito sensível para todas as artes, e era amante de Max Eastman, com quem se correspondia frequentemente.
Depois que o diretor a conheceu pessoalmente, ficou fascinado com seu conhecimento e posição intelectual. Iniciou-se daí um relacionamento envolvendo Chaplin – Florence – Eastman. Os três frequentavam as mesmas festas, sempre regadas a muita bebida e farras.
Como Eastman viajava bastante, pediu para Charlie “cuidar” de Florence enquanto ele estava fora. Com isso, ele praticamente empurrou um nos braços do outro. Foi o suficiente para os dois iniciarem um tórrido romante, que foi uma junção de aventura e angústia por trair o próprio amigo. Mas Chaplin, dessa vez, cuidou dela, tentando gerenciar sua carreira e vida, sendo a família que ela não possuía.
Chaplin amou Florence, mas naquele momento ele amava muito mais sua liberdade. E também tinham os seus traumas: ele achava que Florence jamais iria preferir um baixinho como ele do que um homem como Max Eastman. Ela ficou confusa e insegura, e acabou voltando para Max, indo encontra-lo na cidade onde estava. Na chegada, ele percebeu que ela estava ardendo em febre. Na verdade, ela havia feito um aborto e quase morreu com o acontecido. Se a criança tivesse nascido, teria sido filha de Chaplin.
Florence amargou dias de solidão, depois que seu romance com Max e Chaplin terminou. Ela suicidou-se em 1922, ligando o gás em seu apartamento, em Nova York. Tinha apenas 29 anos. Chaplin ficou abalado, e o romance entre os dois acabou servindo de inspiração para a cena inicial de Luzes da Ribalta, em que ele salva a dançarina de circunstâncias idênticas. Reflexo do que ele gostaria de ter feito? Nunca saberemos.O fato é que ele não cita uma palvra sobre ela em sua biografia, e se negou a tratar do assunto mesmo anos depois do acontecido.
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Fontes:
Chaplin uma Biografia Definitiva, de David Robinson
História da Minha Vida, de Charles Chaplin
Chaplin, o Contraditório Vagabundo, de Joyce Milton