Holly invade o apartamento e a vida de Paul Varjak. Ela o chama de Fred por ele lembrar a pessoa que ela mais ama na vida: seu irmão. Paul é um escritor fracassado que é sustentado por uma mulher mais velha. Aqui um parêntesis: como o mundo do cinema é injusto com as mulheres. Patricia Neal, que interpreta a mulher mais velha, era dois anos mais jovem que George Peppard. Assim surge uma amizade entre duas pessoas sozinhas no mundo e somos apresentados ao personagem mais famoso do ator em Bonequinha de Luxo. Peppard estudou engenharia, mas acabou entregando-se às artes após estudar na famosa The Actor’s Studio. O público mais jovem provavelmente o conhece através da série “The A-Team”.
E o ator era o charme em pessoa. Com olhos azuis estupidamente brilhantes, parecia capaz de seduzir quem o quisesse, mas eram as inglesas que o fascinavam. Curiosamente não se casou com nenhuma delas, já que todas as suas cinco esposas eram americanas. No campo profissional, no entanto, era conhecido como um homem difícil de lidar, e chegou a passar longos períodos sem trabalhar por conta de seu forte gênio. Para se ter uma ideia da situação, a conhecida simpatia de Audrey Hepburn fez com que ela se limitasse a dizer que não tinha muito o que dizer sobre seu companheiro de cena. Além disso, Blake Edwards chegou a implorar para que não o contratassem e ao invés disso trouxessem Steve McQueen para o papel de Paul. Mas McQueen não estava disponível. Sorte de Peppard e seu lindo cabelo que seguia a tendência da moda da década.
Antes de seu grande sucesso ele já havia atuado no teatro após se mudar para Nova York em 1949. Com o destaque na Broadway logo surgiram convites para testes na televisão. Assim ele apareceu pela primeira vez ao lado do já consagrado Paul Newman em A States Steel Hour United (1956). Dois anos depois ele conseguia um contrato pela MGM, atuando em The Strange One(1957). Após Bonequinha ele conseguiria outros papéis de destaque em filmes como A Conquista do Oeste (1962), Os Vitoriosos (1963) e Operação Crossbow (1965).
Em “Os Insaciáveis”, best-seller de Harold Robbins trazido às telas por Edward Dmytryk, Peppard interpreta o magnata Jonas Cord, herdeiro de um império após a morte do pai. Os dois mantinham uma relação de ódio e mágoa e o industrial passa a administrar com braço de ferro os seus negócios, não importando o que lhe venha pela frente: mulher, amigos, companheiros de trabalho. Nada.
Crepúsculo das Águias (1964) trazia o ator como um ambicioso soldado que é desprezado por suas origens humildes e se vê determinado a provar que é melhor que todos eles juntos. Mas esse acabou se tornando seu último grande filme. Apesar de estrelar dois grandes sucessos, aparentemente os estúdios tinham pouco interesse nele. A resposta talvez esteja na sua reputação como um homem difícil impulsionado pelo alcoolismo. Mas não era só isso. Lutar pelos seus direitos e falar o que pensa também contribuíram para sua fama de bad boy.Com a palavra, o próprio Peppard: “Aprendi há muito tempo que falar suas próprias opiniões e manter meus posicionamentos em segredo não fariam muito sentido para minha vida. Então, basicamente faço o que acho que é certo e deixo os outros pensarem o que quiserem.”
Com poucas opções no cinema, o ator voltou às origens e passou a se dedicar a séries como Banacek”, “Doctors Hospital.” e ” The a-Team “. Uma das principais queixas dos diretores eram as constantes exigências de alteração de roteiro que Peppard fazia. Com isso, ele fez alguns inimigos.
O ator atuou ao lado de grandes astros como James Stewart, Robert Mitchum e John Wayne, mas não se considerava tão bom quanto eles. Sobre os atores em geral, chegou a declarar que “Eu não conheço um bom ator que não tenha descido ao inferno quando recebeu o suficiente. Quando eles recebem um salário de milhões, começam a fazer tudo, exceto o que deveriam fazer.”
Em 1979 ele dirigiu o drama Five Days from Home e se empenhou em escrever, produzir e atuar nessa produção independente. O filme foi bem recebido pela crítica, mas jamais alcançou o sucesso financeiro esperado. Nos últimos anos, ele recebeu destaque na série “The A-Team” (ou Esquadrão Classe A no Brasil). Essa série passava no SBT entre 1984 e 1985 e foi comprada pela Rede Globo, que passou a exibi-la na década seguinte.
Em 1980 ele aceitou o papel de Blake Carrington na série de TV Dinastia, mas já durante o episódio piloto o ator entrou em conflito com os produtores. Segundo o ator, o personagem era muito parecido com JR Ewing de Dallas. Peppard acabou sendo demitido três semanas depois e substituído por John Forsythe.Nos últimos tempos o ator passou por uma cirurgia para retirada de um câncer no pulmão. Debilitado, acabou subumbindo a uma forte pneumonia. Suas doenças foram um resultado do alcool e dos cigarros. O ator chegava a fumar dois maços por dia! Ao falecer em 8 de maio de 1994, ele deixou sua última esposa e três filhos, Brad Julie e Christian.