Ela ficou conhecida como a dama do noir. Com um olhar profundo e uma voz forte, foi muitas vezes também comparada com Lauren Bacall. Mas a verdade é que Lizabeth foi uma ótima atriz que fez o seu caminho.
Sob o nome de Emma Matzo, nascia em 29 de setembro de 1922 a mais velha dos filhos do casal Mary e John. Seus pais não queriam que ela se tornasse atriz, mas enfrentando os pais Lizabeth mudou de nome e partiu para Nova York. Não foi fácil achar trabalho, e para sobreviver ela começou a trabalhar como modelo. Mas quem espera quase sempre alcança.
E ela achou uma oportunidade em 1942 quando ela foi escolhida para ser a atriz substituta de Tallulah Bankhead em Thornton Wilder’s The Skin of Our Teeth na Broadway. Algumas atrizes fizeram o papel destinado a Bankhead depois que ela saiu da peça e Scott finalmente teve sua chance de atuar em Boston, quando Miriam Hopkins não pode se apresentar.
Tal fato fez com que muitos dissessem que o filme A Malvada foi inspirado em Bankhead e Scott, acrescentando que na história real “teria” um romance lésbico entre as duas. Eu falo sobre essa história nesse link mas não creio muito que isso de fato tenha acontecido.
A década de 40 conheceu um gênero de filmes inspirado no expressionismo, e que era tido como filmes tipo B: aqueles que passavam antes do filme principal. Os noirs, tinham algumas características marcantes como o tipo de iluminação, a narração, a visão noturna e a mulher fatal. E foi como mulher fatal que Lizabeth Scott, junto com suas companheiras Lauren Bacall, Barbara Stanwyck e Veronica Lake iria se destacar.
Os cabelos extremamente louros e a voz sensual , além de um corpo escultural e experiência nos palcos a colocaram entre as melhores. Mas ela sabia que o tipo de interpretação exigia outras nuances e se tornou uma atriz, se não maravilhosa como Barbara Stanwyck, mas boa no que fazia.
A atriz estreou em 1945 em You Came Along. Daí por diante foi creditada em 30 filmes. A maioria absoluta feita entre as décadas de 40 e 50, justamente aquela em que o noir começava a “sair de moda”. Mas apesar da maioria de seus filmes terem sido suspenses noir, ela também participou de uma comédia ao lado de Jerry Lewis, Dean Martin e Carmen Miranda: Morrendo de Medo (Scared Stiff, 1953) e de um musical ao lado de Elvis Presley, A Mulher que Eu Amo (1957). Depois disso ela se aposentou parcialmente. Agora uma coisa que muita gente não sabia. Na década de 50 ela lançou o LP Lizabeth.
Em 1954 a revista Confidencial, o terror em forma de fofoca, estampou na primeira página que Lizabeth Scott era lésbica e estava na agenda das melhores prostitutas de Hollywood. O advogado de Scott entrou com uma ação contra a revista. Ela perdeu e esse foi basicamente o motivo que fez com que ela fosse perdendo o gosto pela profissão aliado à perda de convites para trabalhos. Se isso for verdade, os casamentos dela com Gerry Herzfeld e Stass Reed foram armados como tantos que tínhamos em Hollywood. Mas isso pouco importa.
Scott guardou muito bem seu dinheiro e continuou vivendo confortavelmente, aparecendo periodicamente em algum programa de tv, comerciais ou série. Até quando pode ela fez vários tipos de cursos e fez o que desejava.
A atriz deu uma entrevista em 1970 dizendo que descobrira que a vida não se resumia a fazer filmes. E estava certíssima. Viveu como quis. No final da vida ela raramente saía de casa, a não ser para uma ou outra homenagem. Lizabeth Scott faleceu em 31 de janeiro de 2015, aos 92 anos.
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