Olivia de Havilland e Joan Fontaine – Irmãs e inimigas

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Olivia de Havilland e sua irmã Joan Fontaine

2010. Olivia de Haviland, vencedora de dois Oscars foi homenageada no Palácio de Élysée em Paris, pelo presidente Nicolas Sarkozy, que na ocasião lhe deu uma legião de Honra Haviland, que mora em Paris há 60 anos, estava com sua filha Gisele, entre outros membros de sua família e Jacqueline Bisset. Mas uma pessoa de sua família estava ausente: Joan Fontaine, sua única irmã e é igualmente vencedora na sua carreira nas telas. Quando o Presidente colocou a fita vermelho-sangue e a estrela da Legião de Honra em Olivia, Joan estava na Califórnia, ignorando sistematicamente a ocasião, apenas mais uma ao longo de décadas de separação.

Essas duas grandes damas do cinema e teatro estiveram brigadas na maior parte de suas vidas, e chegaram a confessar que se odiavam desde a infância. As duas chegaram até mesmo a disputar os homens, como foi o caso do bilionário Howard Hughes. Claro que também brigaram pelos mesmos papéis, e no caso de E o Vento Levou, Olivia acabou sendo a vencedora, ao ganhar o papel de Melanie Hamilton Wilkes.Mas quando veio a versão de Rebecca, de Alfred Hitchcock, Joan levou a melhor e ficou com o coviçado papel da segunda Sra. Winter. As duas também disputaram o Oscar no mesmo ano, e Joan venceu. Segundo Joan, ela gelou na hora, e quando olhou sua irmã, lembrou de tudo o que sofrera em suas mãos. Em 1946 a situação se inverteu quando Olivia ganhou o Oscar por “To Each his own”. Joan foi cumprimentá-la, mas ela ignorou a irmã placidamente.

No entanto, a causa dessa rivalidade vai muito além da profissional. Sus raízes encontram-se no ciúme e na batalha das duas mulheres pelo amor de sua mãe, Lilian. O resultado disso é que as duas não trocam uma palavra há mais de 35 anos. E parece pouco provável que um dia irão se encontrar ou falar novamente. A rivalidade se tornou a mais amarga e mais longa de Hollywood, uma fonte de perigo para ambas as famílias, e de vergonha e decepção para amigos e colegas.

As irmãs Olivia Mary de Havilland e Joan de Beauvor de Havilland, ambas nascidas em Tóquio são filhas de pais ingleses. Joan nasceu apenas um ano e três meses depois de sua única irmã, e Olivia disse que ainda era jovem demais para aceitar a chegada de uma concorrente ao afeto dos pais. O pai delas, Walter de Havilland, era um advogado de patentes em Tokyo, e acabou perdendo a esposa, Lilian, quando esta descobriu que ele usava os serviços sexuais de gueixas. Por Joan ser uma criança doente, Lilian e suas filhas mudaram-se para a Califórnia, onde ela se casou novamente, desta vez com um gerente de uma loja de departamentos, um homem severo e detestado por ambas as garotas.

Olivia, uma vez, como editora de uma revista da escola, fez uma competição para definir o melhor testamento dos colegas. Ela mesma ganhou a competição com as palavras: “Deixo para a minha irmã a capacidade de conquistar os corações dos rapazes, que ela não tem neste momento”.

Joan, por sua vez, falou durante uma entrevista que “Eu lamento não me lembrar de um só ato de bondade dela durante toda a minha infância”. Ela lembrou que em julho de 1933, quando tinha 15 anos, sua irmã lhe jogou numa piscina, resultando numa fratura da clavícula.

Quando a carreira de Olivia decolou em Hollywood, Joan desenvolveu um “complexo de Cinderela” e viu-se como uma serva da irmã. Não admira, dado que sua mãe tenha forçado Joan a mudar seu nome para Fontaine, para evitar problemas com a fama da irmã e também a proibiu de aceitar um contrato com a Warner Bros, “porque era o estúdio da Olivia”.

Foi tentada uma trégua entre as duas. Em 1961 as irmãs passaram juntas o natal no apartamento de Jaon em Nova York, mas terminou em briga. Em 1969 Joan recebeu um pedido de ajuda de Olivia, agora divorciada e vivendo em Paris. Joan a descobriu doente na cama e reclamando de sua vida financeira e marital. Ela ajudou a irmã, deixando um gordo cheque.
A trégua terminou definitivamente em fevereiro de 1975, quando a mãe Lilian morreu de câncer.

Segundo Joan, ela não foi convidada para o serviço de funeral da mãe. Só depois de muito penar, e dizer que ia contar toda a história para a imprensa, foi que ela conseguiu com que fosse adiada e ela chegasse à tempo. As duas não se falaram um só instante. “Meu adeus à minha irmã foi dado enquanto eu segurava o recipiente que levava as cinzas de minha mãe”.

As irmãs com a mãe.

Gisele, filha de Olivia, e seu filho Benjameim, foram lembrados generosamente por Lilian, mas nada foi deixado para Deborah, filha de Joan. Três anos mais tarde, Joan publicou sua autobiografia, onde contou detalhes de sua vida com a irmã. Ela apresentou um retrato venal de Olivia, descrevendo-a como venenosa.

Joan, quatro vezes casada e divorciada, mora atualmente com seus cinco cachorros em sua casa na Califórnia. Olivia, duas vezes divorciada, vive em uma casa em Paris. Entrevistada há algum tempo, respondeu à uma pergunta sobre uma possível reconciliação com um sorriso simples e a frase:

“Melhor não.”

E assim foi. Joan Fontaine faleceu em 15 de dezembro de 2013. Sua irmã divulgou uma nota de pesar. As duas, porém, tinham deixado de se falar há anos.

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