Rita Hayworth: Demência? Não, ela sofria do mal de alzheimer!

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Foto: http://www.doctormacro.com.

Essa é uma matéria que devo a mim mesma há algum tempo. Eu mal posso acreditar que demorei mais de 8 anos para fazer essas considerações. Na verdade desde que li Rita, A deusa do Amor, escrito por Joe Morella e Edward Z. Epstein penso em escrever algo sobre. O subtítulo do livro em português já começa remetendo a uma maneira que costumamos pensar a respeito da atriz. A “deusa do amor” parecia enfeitiçar os homens, como suas personagens em filmes como Salomé (1953), Carmen (1948) e o mais famoso deles: Gilda (1946).

Rita chegou a comentar sobre a diferença entre as personagens que interpretava e Margarita Cansino, seu nome verdadeiro. Os homens costumavam sonhar com Gilda, mas a atriz era uma mulher tímida e de poucos amigos. Nos estúdios, era conhecida por não conversar muito, por manter-se isolada e trocar poucas palavras com colegas de trabalho. Alguns chegavam a confundir seu silêncio com esnobismo.

Sua vida pessoal foi seguida de perto pela imprensa. Ao todo, chegou a casar-se cinco vezes. Mas dois de seus casamentos se tornaram famosos: Com Orson Welles e com o príncipe Ali Khan. Dois homens que apesar de serem totalmente diferentes, não pareciam pender para compromissos mais sérios.

Seu casamento com Orson Welles não foi tão desastroso quanto se propaga. A separação sim.

Rita e Orson. Ainda apaixonados

Orson era um ególatra imensamente talentoso e que de fato era um dos melhores diretores que Hollywood já conhecera. Sua dedicação ao trabalho e à bebida fazia com que sobrasse pouco ou quase nenhum tempo para algo mais. Mas é um fato inequívoco que ele enlouqueceu de amores por Rita. E foi plenamente correspondido.

Escravizada pelo contrato com a Columbia, a atriz teve que literalmente fugir entre uma gravação e outra para casar-se com o diretor em ascensão. Os dois viveram durante um tempo como coelhinhos apaixonados. Tiveram uma filha, Rebecca. Imensamente parecida fisicamente com o pai. Passada a lua de mel do amor, vieram os problemas. As brigas, o desprezo. Rita foi sendo deixada de lado, e assim como o marido, também passou a ocupar seu tempo com outras pessoas. E outros homens.

Quatro anos após o casamento, eles se separaram. Rita ficou com Rebecca. Orson se tornou um pai ausente, vendo a filha poucas vezes até o final de sua vida. E ajudando em nada. A atriz voltava-se para o trabalho, até que conheceu Ali Khan.

Ela sustentou seu marido príncipe

Rita Hayworth e Aly Khan em 1949. Eles tiveram uma filha.

É comum que achem que a vida de uma princesa é de luxo extremo. Mas isso tem seu preço. As garotas que partiram de Hollywood pagaram um preço extremamente caro por isso. Conheço duas: Grace Kelly (contei a história dela aqui) e a outra foi a Rita, que já tinha passado pela experiência antes.

Rita casou-se com toda pompa com Ali Khan, e passou a pagar por todos os luxos dele. Desde a cerimônia até os pequenos gastos em família. Com ele teve uma filha: Yasmin. O encanto também foi emboca. Cansada de ser trocada por cada mulher que cruzasse o caminho do príncipe, ela o deixou. Seu sogro e ex-marido, porém, não a deixariam em paz. Travou-se uma batalha intensa pela guarda da filha do casal. Após anos de sofrimento, Rita pode ficar com sua filha.

Rita Hayworth com Yasmin

Vale lembrar que após separar-se de Rita,  Ali Khan envolveu-se com Gene Tierney, conforme conto aqui nesta matéria.

Glenn Ford foi um de seus melhores amigos

 

Rita e Glenn Ford atuaram juntos em cinco filmes que se tornaram grandes sucessos. E chegaram a ter um romance. O chefe do estúdio Colúmbia, o temível Harry Cohn, instalou câmeras para flagrar o casal na sala de Rita. Na época do envolvimento, ela ainda estava casada com Orson Welles, que parecia pouco interessado no affair da esposa.

Mas o que poucos sabem é que além de amantes, Rita e Glenn tornaram-se vizinhos e amigos. O ator pode não ter sido o melhor dos homens (ainda escreverei sobre ele…). Notícias sobre abusos a suas esposas existem, mas ele parecia ser amigo de Rita. Tanto que chegou a socorrê-la algumas vezes em suas crises, já que eles eram vizinhos.

Rita Hayworth e Glenn Ford durante as filmagens de Gilda.

Aos biógrafos, ele chegou a comentar: “Peço que qualquer coisa que você venha a escrever sobre Rita seja gentil e carinhosa – porque assim é que ela era”, pediu Glenn, cuidadoso, protetor e desconfiado”.

Demência? Alcoolismo? Não, ela sofria do mal de alzheimer

Os estudos sobre o Alzheimer tiveram início ainda em princípios de 1900, mas até o final do século ainda era algo que não era muito conhecido. Muitos atribuíam determinados sintomas a outras doenças. Foi o caso de Rita, que por não fazer parte do grupo de risco (a partir dos 65 anos mais ou menos), teve o diagnostico prejudicado.

Rita passou por muitas depressões ao longo de sua vida. E também viciou-se em álcool. Seus esquecimentos e confusões eram muitas vezes confundidas com os sintomas da depressão ou do alcoolismo. O fato é que desde a década de 60 ela já sentia precocemente os primeiros sinais sem que as pessoas percebessem.

Rita hayworth em Uma Viúva em Trinidad (1953)2

No início da década de 80 já se conhecia a doença. E o estado de saúde de Rita piorou consideravelmente. Sua filha Yasmin se tornou sua curadora, já que a mãe não tinha condições de tomar decisões por si só. Resolveu morar com ela enquanto buscava meios de tornar sua vida mais confortável.

Yasmin também a levou aos melhores médicos e clínicas, mas havia quase ou nenhum tratamento para a doença. Por fim, Rita faleceu aos 68 anos, em 14 de maio de 1987, em Hollywood. A notícia deixou todos consternados.

Rita jamais foi esquecida. Sua filha Yasmin dedica-se até hoje à filantropia e à causa da doença que levou sua mãe.

Rita Hayworth em Salome, 1953

 

Fonte: Rita, A deusa do Amor, de Joe Morella e Edward Z. Epstein

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