Doze homens recebem a incumbência de julgar um crime envolvendo o assassinato de um senhor. Inicialmente o crime é tido como de fácil resolução, já que as provas e depoimentos parecem apontar para a culpa de seu filho de 18 anos. Porém, o questionamento de um dos jurados levanta questões sobre a veracidade dos fatos que parecem certos. Estariam as testemunhas tão certas do que viram? Seria absurdo que o acusado de fato falasse a verdade?
A primeira versão veio ao ar inicialmente para a televisão em 1954. O sucesso levou produtores a preparar uma versão para as telas sob a direção de Sidney Lumet (Um Dia de Cão, Sérpico). Esta, inequivocadamente é um dos melhores exemplos de filmes de tribunais já levadas ao cinema. Isto levando-se em conta o cunho teatral, a ausência de trilha sonora e o uso quase que exclusivamente de um único cenário. Sua força está totalmente nos ricos diálogos engendrados pelos personagens.
A proposta de não dar nomes aos membros do juri é bastante simbólica. E assim temos: Martin Balsam (como um professor que tenta organizar a sessão e se torna o chefe do juri),
John Fiedler (um banqueiro que vai com os outros),
Lee J. Cobb (como um homem de negócios, pai raivoso e principal antagonista),
E. G. Marshall (que trabalha na bolsa de valores e traz em seu perfil um homem calculista e racional),
Jack Klugman (um torcedor apaixonado que cresceu no subúrbio),
Edward Binns (um simples pintor de paredes que tem princípios sólidos), J
ack Warden (um torcedor de futebol que está mais interessado em terminar tudo para ver a partida de seu time),
Henry Fonda (o arquiteto que questiona movido pela dúvida),
Joseph Sweeney ( o ancião atento, com ótimas observações e tiradas),
Ed Begley (intolerante, revela por gestos que seu voto é baseado em esteriótipos e preconceitos),
George Voskovec (um relojoeiro que se orgulha de ter imigrado para os Estados Unidos) e
Robert Webber (como um publicitário que rabisca durante toda a discussão para ocultar sua indecisão). Surge a ânsia em terminar.
Durante a longa discussão, fica cada vez mais claro que o posicionamento de cada um é motivado por forças que vão além do caso: doença, cansaço, fome, desmotivação, desejo de terminar tudo brevemente e carência. Os preconceitos ocultos também brotam quando a tensão aumenta minuto a minuto. Desta maneira, o julgado acaba sendo apenas um coadjuvante para que descubramos um pouco mais sobre cada um de seus julgadores. Alguns personagens chamam mais a atenção por seus posicionamentos.
O jurado nº 3 demonstra, através de sua fragilidade, a mágoa por ter sido abandonado pelo filho. Condenar o rapaz de 18 anos para ele, soa como uma vingança pelas atitudes cruéis de seu próprio rebento. Ele ignora, no entanto, que suas atitudes, quando forçou seu filho a se “tornar um homem” tenham sido o motivo claro para um futuro abandono. Perceber que seus companheiros, um por um, começam a serem tomados pela dúvida, causa no mesmo um descontrole emocional, tornando-o o mais forte dos personagens.
A claustrofobia do local aliado ao calor excessivo acabam se unindo para empurrar todos os presentes ao desespero e sair dali. Tal sensação é ampliada também pela escolha de Lumet em apresentar os personagens em muitos close-ups. O aclamado filme do diretor consta hoje em várias listas de melhores filmes, além de agregar conhecimentos e reflexões sobre o que de fato seria um julgamento. Com uma versão tão perfeita em seus propósitos, fica o questionamento sobre a necessidade de uma refilmagem trazendo basicamente os mesmos elementos.
Tarefa extremamente difícil para o diretor William Fridkin, que ficou responsável pela versão de 1997, feita novamente para a televisão. É preciso que se diga que o remake é totalmente fiel ao texto escrito inicialmente por Reginald Rose. Quanto a isso não o que se questionar ou fazer comparações com a outra versão cinematográfica. Mas há elementos mais agregadores neste aqui. O elenco, formado por atores consagrados e outros jovens, é mais diversificado ao passo que inclui outras nacionalidades, trazendo também atores negros. Presos no rico texto de Rose, enriquece-se, assim, o tom das reflexões. A ausência de uma personagem feminina, observada no filme de Lumet (me parece que só uma aparece rapidamente e sem falas) é sanada da maneira que se poderia fazer quando Mary McDonnell surge como a juíza. Neste ponto, de fato, não há muitas saídas, já que o texto original é direcionado à discussão dentro da sala.
Quero chamar a atenção também para um fato. Detesto ter que fazer comparações sobre atuações, ainda mais se tratando de dois monstros do cinema como Henry Fonda e Jack Lemmon, mas é necessária uma observação. As nuances apresentadas por eles diferenciam um pouco o personagem nº 8. Henry Fonda entrega uma interpretação sóbria e firme. E talvez por isso se torne o balaústre da defesa. Ele não parece questionar, parece defender de fato o julgado. Trazido às telas por Lemmon, temos um homem que desde a primeira cena se vê como alguém com plenas dúvidas. Seus questionamentos mostram que ele está de fato querendo descobrir onde reside a verdade.
George C. Scott (também conhecido por sua primorosa interpretação em Anatomia de um Crime) se torna outro destaque, ao interpretar o pai amargurado e antagonista da história. Senti um pouco a falta do tom mais alarmista e raivoso empregado por Lee J. Cobb na primeira versão, mas há de se lembrar que Scott já era um senhor de 70 anos em comparação aos 47 anos que o Cobb tinha à época. Armin Mueller-Stahl, Dorian Harewood, James Gandolfini, Tony Danza, Hume Cronyn, Mykelti Williamson, Edward James Olmos e William Petersen completam o elenco.
Quem já assistiu à versão de Lumet, aconselho ver também o filme de 1997, dirigido por William Fridkin. O filme está sendo finalmente lançado no Brasil em dvd pela
Obras Primas do Cinema. Para adquiri-lo basta se dirigir a alguma das lojas ou comprar diretamente no site da Colecione Classicos, clicando na imagem abaixo:
A versão de 1957 também é vendida no site:
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