Casa, Comida e Carinho (1950)

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Casa, Comida e Carinho (Summer Stock) saiu recentemente pelo selo Obras Primas do Cinema. Dirigido por Charles Walters traz no elenco Judy Garland como Jane Falbury, uma fazendeira cuja família simples do interior permite que uma companhia da Broadway liderada por Joe Ross (Gene Kelly) ensaie e mostre seu novo espetáculo na sua fazenda, para arrecadar dinheiro. O evento acaba por mexer com a vida de todos. Romance e muitos musicais vem pela frente. A direção musical é de Johnny Green e Saul Chaplin.

O filme foi pensado para ser um reencontro de Judy com Mickey Rooney, com quem contracenou no início da carreira, mas Gene Kelly era um astro em ascensão e o estúdio achou melhor investir na dupla. Garland e Kelly já haviam trabalhado juntos em Idílio em Do-Re-Mi (1942) e O Pirata (1948) e esse seria o último encontro da dupla. A atriz vivia um momento muito complicado de sua vida, e revelou durante uma entrevista que aquele foi o período em que vivenciou o auge de sua dependência em remédios. Isso ocasionou atrasos, faltas e crises durante as filmagens, além de significativa alteração de peso, que pode ser notada no numero musical “Get Happy”,  realizado vários meses após o resto resto do filme, em que ela parece visivelmente mais magra. Há inclusive uma lenda de que esse número musical tinha sido feito para Desfile de Páscoa. Na verdade Judy tinha feito um número musical que foi excluído de Desfile,onde ela estava com trajes parecidos com esse, e isso contribuiu para a falsa lenda.

 Ter sido afastada das filmagens do filme “Bonita e Valente” acabou contribuindo para o seu estado. Betty Hutton assumiria seu lugar. Agora o mesmo estado emocional se repetiria e a MGM finalmente a demitiria após o término de Casa, Comida e Carinho. Algumas cenas tiveram que ser ter o roteiro alterado assim como o musical  “Heavenly Music”, que inicialmente seria feito em trio com ela, Gene e Phil Silvers e acabou sendo feito apenas pelos dois últimos.

O filme é leve, bem típico dos suaves musicais da Metro, e Gene Kelly estava no auge de sua carreira. Mais dois anos e sua consagração estaria completa com Cantando na Chuva. Um de sesus momentos mais marcantes é quando ele dança com o jornal. Um jornal especial foi impresso e a equipe não observou o fato de que um dos jornais usados por ele estava impresso somente de um lado. E quem o assiste não se dá conta das dificuldades sofridas durante as filmagens. Judy Garland se afastou das telas dedicando-se à música e retornando com Nasce uma Estrela em 1955, ano em que concorreu ao Oscar de Melhor atriz, perdendo para Grace Kelly.

Analisando o DVD da Obras Primas do Cinema

A edição vem com um DVD e um card com uma cena do filme. Traz a dublagem clássica em português além do idioma original em inglês. Como extras o trailer e um documentário contando um pouco sobre os conturbados bastidores do filme. Como curiosidades, o fato de L. B. Mayer ter insistido em manter a atriz no filme, e Gene Kelly ter até mesmo fingido ter se contundido para que as filmagens atrasassem e Judy pudesse se tratar. Magnífico.
O dvd pode ser comprado diretamente no site da Obras Primas do Cinema e na Saraiva.

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