A Cova da Serpente (1948)

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The Snake Pit foi escrito por Mary Jane Ward, baseado em suas memórias. O livro semi biográfico narra o processo de tratamento de Vírginia, uma mulher que é diagnosticada esquizofrênica e internada em um manicômio. Snake era antes de mais nada uma denúncia sobre as condições de tratamento dos pacientes, entregues muitas vezes à hospitais sem estrutura e tratamento desumano, contribuindo para que houvesse uma reforma no sistema de hospitais mentais dos Estados Unidos.

Na época em que o livro foi lançado, Ward chegou a negar que a história refletia suas próprias experiências. Mas o fato é que ela seria internada mais algumas vezes ao longo de sua vida e realmente teve um colapso nervoso que a levou a um hospital psiquiátrico em Nova York. A autoria teria sido erroneamente diagnosticada como esquizofrênica e submetida a tratamentos como o temido eletrochoque e a hidroterapia. O livro acabou se tornando rapidamente um best-seller e teve os direitos comprados para um filme que seria dirigido pelo ucraniano Anatole Litvak.

 Virgínia ouve vozes e parece desconectada da realidade. O dr. Kik surge para iniciar um tratamento para um retorno à realidade, conduzindo-a à hipnoterapia. Ele deseja chegar ao ponto em que ela iniciou a sua loucura e assim descobrir como pode tratá-la.

Repleto de flashbacks, o filme traz momentos memoráveis, como aquele em que Virginia enxerga-se rodeada de serpentes. A personagem sente-se invadida de todas as maneiras, encurralada em seu próprio mundo e em uma instituição que a prende de todas as maneiras possíveis. O filme oferece uma visão bastante detalhada sobre o que seria viver em um sanatório naqueles dias. Do desespero de não se fazer compreender à falta de empatia de alguns profissionais. O interessante do filme dirigido por Lifvak é que o destaque não vai apenas para os atores principais, mas também aos secundário, que acabam por ter momentos de destaque.

Para a época em que foi realizado ele traz uma denúncia forte sobre a questão psiquiátrica. Claro que ele não é um ultimato sobre doenças mentais, e outros filmes sobre o assunto já tinham sido lançados anteriormente, mas a maneira como foi conduzido faz com que o espectador adentre em um assunto deveras incômodo para todos. Outros filmes como O Gabinete do Dr. Caligari (1920), Maniac (1934) e Dead of Night (1945) tratavam da questão psiquiátrica, mas não com um apelo pessoal como este, mostrando o que seria a visão de um paciente de uma instituição mental.

Com ele aprendemos mais sobre as causas dos problemas mentais, bem como a importância da família e das pessoas próximas para que o tratamento possa ter sucesso. Aprendemos também sobre a importância das relações afetivas na infância, já que uma criança desprezada e submetida a tratamentos abusivos dificilmente crescerá um adulto saudável.

Gene Tierney foi a primeira escolha para o papel de Virginia, mas devido à sua gravidez, teve que se ausentar do projeto. A ganhadora do Oscar Vivien Leigh seria a segunda opção. Curioso que as duas posteriormente também tivessem tido problemas psiquiátricos: Tierney sofria de depressão (piorada pela separação do príncipe Aly Khan) e Leigh mais tarde seria diagnosticada como bipolar (maníaco depressiva, na linguagem da época).Quem acabou ficando com o papel foi Olivia de Havilland. Para adentrar na personalidade da personagem, Olivia frequentou assiduamente algumas instituições para doentes mentais, participando de tratamentos e terapias, além de atividades sociais. O personagem do dr. Mark Kik (Leo Genn) foi inspirado no doutor Gerard Chrzanowski, o mesmo que tratou Mary Jane Ward na época em que esteve internada. Chrzanowski foi um dos primeiros médicos a utilizarem a psicanálise para o tratamento de pacientes esquizofrênicos.

O resultado do filme foi bastante promissor, com vários estados da América mudando sua legislação sobre os doentes mentais e hospitais de tratamento. A direção de Litvak é divina e se encontra com uma interpretação fenomenal de Olivia de Havilland. A atriz foi mais uma vez indicada por esse filme (anteriormente tinha sido indicada por Hold Back the Dawn (1941) , mas perdeu neste ano para Jane Wyman. O Oscar de Melhor atriz, entretanto, viria apenas por sua atuação em To Each His Own (1946). O filme também foi indicado a Melhor Filme, Direção, Roteiro, fotografia e Gravação de Som (único prêmio que levou neste ano).
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* A Cova da serpente foi lançado em dvd pela Classicline e pode ser encontrada na loja virtual da distribuidora. Clique na imagem para ser direcionado:

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