Fernanda Fontes Vareille lança um olhar sobre a loucura. O que realmente seria ela e o quanto estaríamos distantes? O que seria a normalidade?
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Fernanda Fontes Vareille lança um olhar sobre a loucura. O que realmente seria ela e o quanto estaríamos distantes? O que seria a normalidade? Buscando essas respostas, ela adentrou em corredores de um hospital psiquiátrico e lá encontrou personagens reais, que com suas histórias revelam um pouco sobre o que há dentro deles. O documentário nos faz refletir sobre as principais razões que possam levar milhares de pessoas a mergulhar nesse mundo de conflitos e o quanto nós estamos distantes disto tudo. Um fato é certo, a família tem um papel fundamental para a recuperação e vida digna dos doentes, mas na maioria das vezes, muitas por falta de conhecimento, acabam por deixa-los de lado, internando em instituições que muitas vezes não prezam pelo respeito.
Para chegar ao resultado final, Vareille passou três anos entre os corredores do Hospital Juliano Moreira (Salvador). Lá observou através de sua câmera a movimentação das pessoas que iam e vinham, assim como os tratamentos realizados nelas. Deu ênfase em personagens femininas. As pessoas com sofrimento mental são ouvidas e seu clamor reforça a luta amplamente divulgada pelo Movimento Nacional de Luta Antimanicomial. Apesar disso, Vareille lembra que o filme não é sobre as instituições mas sobre os sujeitos que lá habitam e suas histórias. O documentário não questiona a validade dos tratamentos mas pergunta basicamente isso: Quais os limites da nossa sanidade? O que nos define como normais?
Durante muitos anos a questão do tratamento psiquiátrico não foi levada da forma correta, e somente no século XX tivemos uma mudança significativa quando uma questão foi levantada: estamos realmente cuidando da maneira correta de nossos doentes? Esses tratamentos são realmente eficazes? Não podemos esquecer da grande contribuição dada pela nossa Nise da Silveira, que com gestos simples revolucionou o tratamento psiquiátrico. É realmente impossível não lembrar dela quando percebemos a arte terapia ajudando a tornar a vida dessas pessoas melhor.
Escritora, viajante e sobretudo uma curiosa sobre diversos assuntos. Estuda cinema desde 2002 e é Especialista em Estudos Cinematográficos pela UNICAP. Fundadora do blog Purviance e do site Cinemaclássico. .Ama Charles Chaplin, Raj Kapoor e navega constantemente em filmes de todo o mundo.