A Noite do Iguana (1964)

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* Análise com spoilers. Caso não tenha visto e não goste de saber trechos importantes do filme, não leia o texto. 🙂

Não se engane com a foto que ilustra inicialmente este texto. O filme é carregado de tensões. Tennessee Williams é um monstro, sendo autor de títulos premiados como The Glass Menagerie, A Streetcar Named Desire, The Rose Tattoo e Cat on a Hot Tin Roof. Ainda não li nenhum de seus livros, mas vi os filmes e A Noite no Iguana mostra sua caneta afiada, diálogos que foram belamente adaptados por  Anthony Veiller e John Huston, que também assinou a direção.

É um texto adulto e que corta como uma navalha, invadindo preconceitos e fazendo com que seus personagens, todos imperfeitos, convivam com suas dificuldades. E em A Noite de Iguana temos muitos. Serei breve, mas antes de mais nada, uma passeada rápida para relembrar a sinopse:

O Rev. T. Lawrence Shannon (Richard Burton) é um padre que foi expulso da igreja após ter tido um romance com uma jovem garota. Agora, trabalha de forma desanimadora fazendo excursões pelo México com senhoras. Em um desses passeios, vai também a jovem Charlotte Goodall (Sue Lyon), que começa a se insinuar a ele justamente em seu ponto fraco: mulheres jovens. Tudo piora quando a tutora de Charlotte (Grayson Hall) o denuncia por algo que ele não fez: sedução de menores.

Irritado, Lawrence leva o grupo para uma pousada que pertente à sua amiga Maxine (Ava Gardner). Complementando o núcleo, chega Hannah (Deborah Kerr), uma mulher sem rumo, que ganha a vida desenhando rostos enquanto aguarda seu avô de 97 anos terminar seu último poema.

A Junção da jovialidade de Sue Lyon, de uma mulher estupidamente linda como Ava Gardner e a doçura manipuladora de Deborah Kerr, faz aquele lugar virar uma catapulta de insultos e exacerbação dos ânimos já agitados. Com tudo isso, Lawrence é o personagem mais frágil da história, embora seja temido por Judith Fellowes (a tutora).

O texto é arrebatador, e teve passagens bastante respeitadas no roteiro feito por  Anthony Veiller e John Huston, que também assinou a direção. Uma das passagens foi quando em meio da tensão, Maxine fala que Judith é lésbica. E ela o diz sem subterfúgios, utilizando de termos que são exatos e afirmando claramente que Judith tem raiva de Timothy porque a garota se apaixonou por ele e não por ela. Ter isso em um filme de 1964 é maravilhoso.

O segundo momento é quando Hannah, a doce manipuladora, revela que também já teve seus vícios que ela chama de demônios azuis. E que aprendeu a lidar com eles, mesmo com todas as dificuldades. É uma história que temos já ideia de como terminará e que considero um dos melhores do Huston, um diretor forte e um filme que deve ser visitado e revisitado sempre.

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