O Portal do Paraíso (1980)

1464

O épico dirigido por Michael Cimino é gigantesco em muitos aspecto, sobretudo os técnico. Com uma fotografia marcante, traz uma colorização hipnotizante e cenas memoráveis como a em que os personagens principais dançam ao som de um violino. Vamos à sinopse?

A história decorre durante a Guerra do Condado Johnson, entre os barões do gado e imigrantes europeus na década de 1890, no Wyoming. Os dois protagonistas encontram-se questionando seu papel no conflito furioso entre ricos proprietários de terras e imigrantes europeus que tentam construir uma nova vida na fronteira americana, que culmina em uma batalha campal brutal. A batalha resultante é baseada no sangrento e real conflito de “Johnson County War” de 1892. (via Obras Primas do Cinema).

Os problemas do Portal do Paraíso começaram ainda durante a produção, quando altos custos começaram a assombrar os produtores da United Artists. A ideia de criar um filme nesses moldes veio enquanto Cimino pesquisava sobre o conflito de “Johnson County War”, ocorrido no ano de 1892. Ele dedicou-se ao roteiro que entregou aos executivos por volta de 1971. Mas foi somente quando ele conseguiu sucesso em O Franco Atirador, que conseguiu uma chance para colocar em prática seu gigantesco sonho: fazer o maior dos filmes de cinema.

Com uma carta branca na mão, pode escolher a dedo o seu elenco, encabeçado pela grande estrela do momento, Kris Kristofferson. O ator vinha de sucessos como Pat Garrett and Billy the Kid (1973) e Nasce uma Estrela (1976). A francesa Isabella Huppert e Christopher Walken complementaram o elenco principal. Os outros nomes foram Jeff Bridges , John Hurt (muito mal aproveitado e que aproveitou as longas pausas nas filmagens para fazer outro filme), o veterano Joseph Cotten e Geoffrey Lewis. O iniciante Mickey Rourke faz uma pequena participação.

Não demoraria para que a imprensa começasse a denunciar o que acontecia nos bastidores de filmagens. Cimino se tornava um diretor quase tirânico, chegando a exigir mais de 50 tomadas de determinada cena. Além disso foi arrogante ao ponto de mandar demolir todo um conjunto de prédios porque o espaçamento dos edifícios não era exato. As árvores também não escapavam imunes, e algumas delas foram derrubadas por estarem “nos lugares errados”. E se o comportamento com os humanos não era exemplo, sobrava também para os animais, que sofreram maus tratos durante todo o processo. Galinhas foram decapitadas e pelo menos quatro cavalos morreram durante as cenas das batalhas. Tantos outros chegaram a se machucar. Isso serviu de alerta para que a American Humane Society fosse solicitada a monitorar outros filmes a partir de então.

O comportamento obsessivo do diretor e os gastos desenfreados acabaram não justificando no final. Estreando nos cinemas, O Portal do Paraíso teve uma recepção morna pelos críticos. O público também não foi conferir e ele logo foi retirado de circulação para melhoria. Um dos fatores que sem dúvida levaram a isso é a demasiada lentidão em algumas cenas. Há algumas, como a de dança, que duram eternos 5 minutos entre um giro e outro dos personagens. Das quase cinco horas originais, o filme foi enxugado e após cortes ficou com quase quatro horas de exibição. Algo extremamente cansativo para quem assiste ao cinema. Posteriormente ele chegou a ser exibido em forma de minissérie e dividida em três capítulos na televisão.

O fato é que o filme levou a United Artists ao colapso, mas o diretor também não sairia impune e teve sua carreira prejudicada. Posteriormente, a película seria melhor vista tanto pelo público quanto pela crítica, que começou a ver aspectos positivos da obra quando os críticos europeus passaram a elogiar a obra. Aclamado no Festival de Cannes, iniciou uma carreira de sucesso fora da América. Martin Scorsese está entre os diretores que consideram esse um filme neglicenciado.

O filme está sendo lançado pela Obras Primas do Cinema em uma edição restaurada e traz ainda entrevista com o Diretor Michael Cimino, com o produtor; e com Kris Kristofferson, David Mansfield, e Michael Stevenson. Você pode adquirir o dvd em qualquer loja do ramo ou na Livraria Cultura.

Comente Aqui!