Sangue de Pantera (1942)

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Irena Dubrovna é uma designer de moda nascida na Sérvia que acredita ser vítima de uma maldição na qual se transforma em uma pantera quando sente ciúmes. Oliver Reed fica intrigado com a moça, e embora testemunhe a aversão de gatos e outros animais, tende a achar que ela na verdade precisa da ajuda de um psiquiatra. Os dois se casam, e após testemunhar seu marido conversando com uma colega de trabalho, Irena passa a ter constantes ataques de ciúmes.
Sangue de Pantera foi produzido por Val Lewton, que também escreveu o conto que inspirou a história. Essa foi a sua primeira produção para a RKO, e foi feita com pequeno orçamento (os chamados filmes B). Mas apesar do baixo custo, a produção realizada em 18 dias salvou a Produtora da falência. O sucesso foi conseguido graças a um roteiro forte, a junção do noir com o horror e uma entrega fundamental por parte de Simone Simon. A atriz com o rosto felino conseguiu retratar com perfeição a personagem, assumindo uma aparência e maneirismos fundamentais ao papel.

Uma das grandes jogadas do roteiro é a maneira como o suspense é conduzido aos poucos. Primeiro conhecemos Irena, suas características felinas, gostos que remetem à maldição, seu medo constante (típico de quem esconde algo), a repulsa dos animais a ela, a negação do marido de que algo vai mal. A escolha pela ausência da transformação da personagem em pantera reforça a dubiedade da personagem. Será que Irena de fato se transforma em um animal ou tudo é fruto de sua mente que realmente necessita de cuidados? Lewton optou por deixar o julgamento para o público, apenas conduzindo as experiências da personagem e das pessoas ao seu redor.

A película foi tão bem recebida que logo Lewton seria reconhecido pela RKO. A sequência lançada em 1944 (The Curse of the Cat People) manteve alguns personagens e trouxe Simone Simon mais uma vez como um fantasma (ou amiga imaginária de uma criança), mas não obteve o mesmo retorno que o filme anterior.

Este foi o primeiro noir que trouxe um horror sugestivo, e um dos primeiros a explorar a figura feminina e o horror, característica utilizada em filmes posteriores. Vale salientar que também foi o longa metragem que tornou Jacques Tourneur conhecido. Vale a pena conferir também Out of the Past (considerado por muitos como o melhor noir), I Walked with a Zombie e The Leopard Man, do mesmo diretor.

O filme está sendo lançado em dvd pela Obras Primas do Cinema em uma edição definitiva e restaurada. O dvd também traz como extras o documentário “Val Lewton: The Man in the Shadows” e entrevistas com Jacques Tourneur e o diretor de fotografia.

 Você pode comprar o dvd online na Livraria da Folha ou em qualquer loja do ramo.

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