Pavor nos Bastidores (1950)

1911

* Pode haver spoilers

O fã de Alfred Hitchcock é exigente. Mas também é um dos mais fiéis e irá assistir aos filmes do mestre de toda maneira. Esse é um dos filmes menos aclamados de Alfred Hitchcock. O fato é que, mesmo trazendo bons e conhecidos atores, de fato Pavor nos Bastidores não chega a empolgar.

Stage Fright, título original baseado na obra de Whitfield Cook e adaptado por Alma Reville. Traz uma premissa bastante utilizada por Hitch mas sem grandes surpresas. Vamos a alguns comentários sobre o enredo com pequenas observações.

Eve Gill (Jane Wyman) é surpreendida com a chegada de seu amigo Jonathan Cooper (Richard Todd). Ele afirma que sua amante, a atriz Charlotte Inwood (Marlene Dietrich) armou uma cilada para ele. Segundo o homem, sua amante após assassinar o marido veio em sua casa com um vestido sujo de sangue e pediu sua ajuda. Inocente, ele foi até a casa dela para pegar alguma roupa para que ela fugisse. A partir daí ele foi identificado por uma mulher e passou a ser o principal suspeito.

Nesse ponto já vemos uma pequena fragilidade no roteiro por não fazer muito sentido creio que nem na década de 50. Quem iria voltar a uma cena de crime apenas para pegar um par de roupas? Mas tudo bem, sigamos em frente.

Por ser apaixonada por Jonathan, Eve compra sua briga, e após deixá-lo na casa de seu pai, decide ela mesma investigar o caso. Curiosamente, assim como Eve de A Malvada, emprega-se como ajudante de Charlotte, e sua antipatia faz com que tente de todas as formas identificar nela a culpada.

Como poderia Charlotte agir tão naturalmente após a morte do marido? Embora todas as pistas apontem a atriz como culpada, alguns pontos soltos, como o pavor de Charlotte diante de algumas situações, começam a deixar o público (e não Eve em dúvida).

O problema de Marlene Dietrich é também sua fascinação é estar sempre divando em cena tira um pouco da atenção e dá o ar dúbio. Quase nunca sabemos o que suas personagens sentem. A não ser se ela fale. E o ar de superioridade nos deixa sempre em dúvida.

É impressionante que mesmo na década de 50 houvesse uma preocupação excessiva da Marlene com a iluminação. Em todas as suas cenas ela aparece de maneira quase onírica, com luzes que destacavam seus pontos fortes e disfarçavam as falhas. Ela aprendera isso com a velha Hollywood e dificilmente esse tipo de iluminação a iria privilegiar em coloridos. O glamour é enfatizado também pelos luxuosos figurinos escolhidos provavelmente a dedo por Christian Dior.

Quase esqueci-me de contar sobre o envolvimento que vai se criando aos poucos de Eve com o investigador Smith (o charmoso Michael Wilding). Mas é algo tão superficial que ficamos meio perdidos com o envolvimento forçado de uma hora para outra.

Como eu disse antes, é algo para se assistir sem grandes expectativas, mas em se tratando de Hitch, sempre, sempre vale a pena. A cena final, bastante corrida por sinal, me fez lembrar de uma de Ghost (1990). Quem viu os dois filmes irá saber do que falo.

 

Quem não viu pode curtir, já que Pavor nos Bastidores foi lançado em dvd pela Classicline. ele pode ser adquirido diretamente na loja da distribuidora clicando na imagem abaixo:

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