“I am afraid I am a coward. I am sorry for everything. If I had done this a long time ago, it would have saved a lot of pain.” (Tenho medo e sou uma covarde. Lamento por tudo. Se tivesse feito isso há mais tempo, teria poupado muitas dores). Peg.
Assim, Peg despediu-se da vida.
A grande Bette Davis decidiu que iria ser uma atriz quando viu Peg Entwistle atuando no espetáculo em “The wild Duck”, de Henrik Ibsen. Peg então era considerada uma das grandes estrelas do teatro e uma grande promessa para o cinema. Tinha um grande futuro pela frente!
Millicent Lílian Entwistle (nome verdadeiro) nasceu em Londres, em 1908. Ainda criança, e após perder sua mãe, partiu para os Estados Unidos com o seu pai em busca de uma nova vida. Seu pai casaria novamente e teria mais dois filhos. Por volta de 1925, Peg estréia na Brodway, em “Hamlet”. O espetáculo “Martha” seria seu primeiro papel creditado. Aos 17 anos era considerada uma das atrizes de talento mais jovens já surgidas.
Depois disso ela trabalharia com os mais consagrados atores do teatro e cinema, como William Gillette, Dorothy Gish, Henry Travers, Bobo Cummings, dentre outros. Aos 19 casou-se com o também ator Robert Keith. O casamento não vingou, pois descobriu-se que ele já tinha outra esposa e filhos. Com a peça “Tommy’, Peg foi aclamada a atriz de maior êxito na Broadway. Sucesso de público e crítica, e incentivada por todos, partiu para o seu segundo sonho, que era fazer cinema.
Com sua mala cheia de sonhos, partiu para Hollywood, onde peregrinou por diversos estúdios até conseguir, com David O. Selzinick uma participação no filme “Thirtee women”, que teria a participação também de Irene Dunne, Ricardo Cortez e Myrna Loy. Quando o filme foi lançado, em setembro de 1932, a atriz descobriu que sua participação fora reduzida para apenas algumas poucas aparições.
Depois disso fez outros testes, mas, diante de tantas opções, acabava sendo colocada de lado. O golpe final foi ter sido convidada para fazer um teste para figuração. Para quem até um ano atrás era considerada uma atriz de sucesso no teatro, foi um golpe em tanto. Entregou-se às bebidas e à depressão.
Totalmente deprimida, decidiu interpretar aquele que seria o seu último e principal papel: na noite de 16 de setembro de 1932 Peg vestiu a sua melhor roupa, maquiou-se generosamente e encaminhou-se para o Monte Lee, na Califórnia, onde fica o letreiro Hollywood (à época Hollywoodland). Após subir o monte, dobrou cuidadosamente seu casaco, colocando-o ao lado de um livro e carteiras. Subiu na letra “H” do letreiro e pôs fim à sua vida. Para os que ficaram, ela teve o cuidado de deixar um bilhete de despedida:
“I am afraid I am a coward. I am sorry for everything. If I had done this a long time ago, it would have saved a lot of pain. P.E.”
Seu corpo foi encontrado dois dias depois, e só foi reclamado, por um tio, mais algum tempo depois, depois que seu tio leu em um jornal seu bilhete. Em 1945, o “LAND” foi retirado do letreiro, após sua reforma, ficando apenas o “Hollywood”, depois que muitas outras pessoas passaram a utilizar o local para também se suicidar.
Peg é hoje lembrada como uma das tantas que tentaram em vão o sucesso. Ironia da história: no dia seguinte à sua morte, chegava em sua casa um convite para estrelar um filme.
E a atriz, que desejava o sucesso em vida, bizarramente conheceu-o (ou não) com sua morte, quando espalhou-se a lenda de que um fantasma de uma mulher loura vagueia pelo Monte, o fantasma de Peg Entwistle.