19 de abril de 2025

Lista de filmes de Carl Theodor Dreyer: O Legado do Mestre do Cinema Expressionista

Descubra a lista completa de filmes dirigidos por Carl Theodor Dreyer, um dos mestres do cinema europeu, e explore sua influência no cinema moderno.

Carl-Theodor-Dreyer

Carl Dreyer nasceu na Dinamarca e foi adotado por um casal luterano – experiência que marcaria profundamente sua carreira no cinema, levando-o a explorar temas religiosos com frequência. Formado em jornalismo, fundou o jornal Riget antes de ingressar no cinema. Seu primeiro emprego na Nordisk Film foi como técnico de balões de ar quente, mas logo ascendeu a roteirista, trabalhando em produções como “Abaixo as Armas”. Seu primeiro filme como diretor“O Presidente”, foi apenas o início de uma trajetória brilhante. Seu maior sucesso viria em 1928, com “A Paixão de Joana d’Arc”, hoje considerado uma obra-prima do cinema mudo e um dos filmes mais importantes da história.

Buscando novos desafios, Dreyer dirigiu produções na Alemanha, Suécia e Dinamarca nos anos seguintes. O sucesso de “O Amo da Casa” chamou a atenção de uma produtora francesa, que o contratou para realizar “A Paixão de Joana d’Arc”. O filme, rodado em 1928, não apenas se tornou seu trabalho mais conhecido, mas também uma das obras mais completas da era muda, celebrado por sua profundidade emocional e inovações técnicas.

De volta à Dinamarca, Dreyer enfrentou dificuldades com projetos fracassados e mudou-se para a Alemanha, onde encontrou inspiração no expressionismo alemão. A iluminação contrastada e os climas sombrios desse movimento cinematográfico combinavam perfeitamente com seu estilo, permitindo-lhe explorar o universo psicológico de seus personagens.

Nas décadas de 1930 e 1940, Dreyer dedicou-se a curta-metragens, em um período em que o público dinamarquês preferia entretenimento leve – algo que seu cinema introspectivo não oferecia. Durante a Segunda Guerra Mundial, as filmagens foram interrompidas, e ele só retornaria aos longas-metragens após 10 anos, com “Ordet” (A Palavra, 1955). Considerado por muitos sua obra máxima, o filme aborda fé, milagres e dúvidas existenciais, com forte influência do filósofo dinamarquês Kierkegaard.

Seu último trabalho, “Gertrud” (1964), retrata uma mulher presa em um casamento infeliz e foi recebido com frieza pela crítica na época. Hoje, porém, é reconhecido como um filme essencial em sua filmografia. Dreyer era conhecido por seu método único de direção, extraindo emoções intensas de seus atores e capturando pensamentos profundos por meio de expressões mínimas.

Antes de morrer, Dreyer expressou o desejo de filmar “A Paixão de Cristo”, projeto que nunca se concretizou. Seu legado, no entanto, permanece vivo: o renomado cineasta Lars von Trier declara-se seu discípulo, e suas abordagens sobre sacrifício feminino e realismo cinematográfico continuam influenciando gerações.

Confira abaixo alguns dos melhores filmes de Carl Theodor Dreyer:

O Presidente (The President, 1919)

 

Um juiz passa por uma situação delicada: sua filha ilegítima é levada a julgamento por ter matado seu bebê após ser abandonada por um aristocrata. Ele fica em dúvida se a condena ou não.

A Quarta Aliança da Sra. Margarida (Prästänkan, 1920)

Sofren (Einar Rod) namora Mari (Greta Almoroth). Mas seu pai só autorizará o casamento se antes o rapaz se tornar pastor. Após passar pelo teste, ele se torna o pastor de uma aldeia local. O que ele não sabia é que ele terá obrigação de se casar com a viúva de antigo pastor. Ela, apesar da idade parece não querer se encontrar com a morte. O filme mostra bem sobre a versatilidade de Dreyer, indo de momentos de tensão, passando pela comédia escrachada até desembocar no drama e lições de vida. Vale a pena ser visto.

Michael (Mikael, 1924)

 

O pintor e mestre Zoret tem em Mikael sua fonte de inspiração e dedica-lhe todo o amor. Mikael retribui o sentimento… Mas após quatro anos de relação anda cansado de ser sua inspiração. Até que o rapaz, na flor da idade, apaixona-se pela bela condessa Zamikoff.
Um tocante filme sobre um triângulo amoroso que muitos estranharão por causa da época em que foi feito. Mas que mostra como Dreyer sabia capturar os sentimentos, exigindo sempre o melhor de seus atores. Benjamin Christensen, diretor de Häxan (1922) interpreta o triste mestre traído, com sua tristeza é quase palpável.

A Queda do Tirano (Du skal ære din hustru, Master of House, 1925)

Ida (Astrid Holm) é uma mulher dedicada ao lar. Cuida dos filhos e do marido com imenso zelo. Porém Viktor (Johannes Meyer) a trata mal, humilha-a e faz questão de sempre criticar tudo o que ela faz. Cansada de ver a situação em que Ida vive, Mads (Mathilde Nielsen), antiga babá de Viktor e amiga do casal, decide interferir. Unindo forças com a mãe de Ida, ela tentará “salvar” o casamento. O filme traz uma moral bem conservadora e moralista. Mas é interessante ver como as mulheres se unem para “ensinar” que não é bem assim que as coisas devem ser.

A Paixão de Joana d’Arc (La Passion de Jeanne d’Arc, 1928)

Baseada na vida da santa, filha do povo, que lutou em batalhas e morreu queimada por ser considerada uma bruxa. Um dos melhores filmes já produzidos.

O Vampiro (Vampyr, 1932)

Allan se interessa por assuntos sobrenaturais e acaba descobrindo uma jovem que a cada dia que passa adoece mais. Ele descobre que ela pode ser uma vítima de vampirismo.

Dias de Ira (Vredens Dag , 1943)

Uma jovem madrasta se envolve com o filho de seu marido pastor, que voltou ao vilarejo. Quando fica sabendo da relação, o pastor morre e, durante seu funeral, sua mãe acusa a jovem de bruxaria.

Gertrud (1964)

Gertrud é uma mulher frustrada que irá procurar consolo nos braços de um jovem compositor. Mas um antigo amor também retorna à sua vida

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