A Oitava Esposa de Barba Azul (1938)

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Há chances de uma comédia roteirizada por Billy Wilder e Charles Brackett e dirigida por  Ernst Lubitsch se tornar um fracasso de bilheteria? Apesar de delicioso, A Oitava Esposa de Barba-Azul não foi bem aceita pelo público.

 

Talvez você não conheça Charles Brackett, mas ele foi fundamental na vida de Billy Wilder. Em sua biografia, Wilder assume que não sabia escrever sozinho. E que Charles foi seu primeiro grande parceiro. Com ele escreveu brilhantemente roteiros para vários filmes antes que Wilder decidisse dirigir. No final da década de 30 a dupla estava inspiradíssima, assumindo o roteiro de filmes como Meia-Noite (1939), uma comédia romântica que merece ser vista,  Ninotchka (1939), que dispensa apresentações e A Oitava Esposa de Barba-Azul.

A Oitava Esposa de Barba-Azul (Bluebeard’s Eighth Wife, 1938) foi a primeira colaboração da dupla e trazia a adaptação da peça La huitième femme de Barbe-Bleue, de Alfred Savoir. A primeira versão foi levada às telas em 1923 e trazia Gloria Swanson no papel principal. Esta, porém, tinha um it a mais: foi dirigida por Ernst Lubitsch. Mas antes de mais nada, vamos dar uma olhadinha na sinopse:

O filme conta a história de Michael Brandon, um homem milionário que troca de esposas como quem troca de roupas. Mas Nicole não sabe disso quando se apaixona por ele em uma loja de roupas: ele procurava a camisa de um pijama, e ela as calças. Apesar do jogo de desentendimentos iniciais, os dois acabam chegando ao altar.

É aí que a coisa se complica: Nicole finalmente tem ciência que seu marido já fora casado. Sete vezes. Sete divórcios. A moça nutre ideias românticas sobre casamento e irá “lutar” para manter este e não ser mais uma das esposas abandonadas. O jogo de gato e rato movimentará boa parte da trama que conta com uma cereja no bolo: uma participação coadjuvante de David Niven, que na época iniciava sua carreira (fique de olho em suas pernas) e interpreta um dos empregados de Michael.

Claudette em figurino criado por Travis Banton

Esse filme foi lançado há 80 anos. Mesmo assim é possível notar um diálogo ágil (marca registrada da dupla) que favorece uma comédia de ritmo rápido e maluco, gênero em moda na época. Ao revê-lo vi-me a rir das pequenas insinuações e subtexto, que deixa muitas coisas subentendidas. Tal fato se dava pela forte vigilância da censura, que pegou fogo na época.

Isso acabou por influenciar uma grande parcela da população que anos antes aceitou de boa um filme também dirigido por Lubstich e que tratava de poliamor: Sócios no Amor (1933), já tratado aqui no site.

Agora, mais puritano do que nunca, eles não curtiram muito o fato de Gary Cooper interpretar um homem instável e que casara sete vezes. E olha que ele estava muito bem acompanhado da francesa Claudette Colbert, uma grande campeã de bilheteria. Eram questões relativas ao puritanismo e censura que só iriam afrouxar-se um pouco mais duas décadas depois.

Preciso salientar que A Oitava Esposa de Barba-Azul não permanece fresco como Sócios no Amor, do mesmo diretor. Traz algumas situações ultrapassadas, mas nada fora do esperado para um filme de sua época. Acho mesmo que foram encontradas boas soluções para questões machistas apresentadas ao longo da história. A personagem de Colbert é uma mulher que não se dobra facilmente, e de certa maneira mostra seu valor como pessoa. Mesmo que isso signifique até mesmo se passar por uma mulher que trai o marido. Coisas de Billy Wilder, e com o toque Lubstich de elegância.

O FILME ESTÁ SENDO LANÇADO NO BRASIL PELA OBRAS PRIMAS DO CINEMA

Este delicioso filme está sendo lançado pela Obras Primas do Cinema em um lindo digipak dedicado à Ernst Lubitsch e que traz dvds com quatro filmes do diretor: Sócios no Amor (Design for Living, 1933, 91 min.), Ladrão de Alcova (Trouble in Paradise, 1932, 82 min.), A Oitava Esposa de Barba Azul (Bluebeard’s Eighth Wife, 1938, 85 min.) e Madame Dubarry (Madame Dubarry, 1919, 114 min.).

Além dos extras: Entrevista com Joseph McBride (22 minutos), Introdução de Ladrão de Alcova (10 minutos), The Clerk – Segmento dirigido por Lubitsch, estrelado por Charles Laughton (2 minutos) e Als Ich Tot War – Primeiro filme sobrevivente da filmografia de Lubitsch (37 minutos).

Você pode adquirir o dvd clicando na imagem abaixo:

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