Dançando nas Nuvens (1955)

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Se Cantando na Chuva marcava o ápice dos grandes musicais, Dançando nas Nuvens lançava um sinal de alerta: o público parecia cansado do gênero que animava as multidões.

Gene Kelly dança feliz em uma rua. Seu sorriso iluminado é fruto de um encontro fabuloso com a mulher de seus sonhos. Essa introdução poderia indicar muito bem o mais famoso número de Cantando na Chuva (1952), mas é apenas um dos números de Dançando nas Nuvens (It’s Always Fair Weather, 1955).

Na cena não temos a chuva, mas temos Kelly que equilibra-se com maestria sob patins. Mas não há como enxergar ali, além da grande habilidade, uma profunda inspiração no número mais famoso embaixo da chuva. Esta foi mais uma colaboração entre Kelly e Stanley Donen, que aceitou realizar a produção depois de muita insistência.

Porém, apesar de trazer bons momentos musicais e uma boa intenção em sua história, Dançando nas Nuvens não vingou. Trouxe um imenso prejuízo à MGM, que, a partir daí, resolveu não investir tanto no gênero. Uma série de junções, na verdade, serviram para isso, e não foi a história em si. Qualquer arte também é feita de ciclos. Em meados da década de 50 começava-se a delinear outros gostos fílmicos. Musicais e uma história melancólica não chegou a agradar o público.

A sinopse inicial e o resultado final

Inicialmente havia uma ideia de fazer uma continuação do estrondoso sucesso Um Dia em Nova York (1949). O que era fabuloso! Mas havia alguns problemas aí, o maior de todos chamava-se Frank Sinatra. Se no final da década de 40 ele gozava de enorme poder junto ao público, por volta de 1955 ele era considerado um grande metido que não facilitava o trabalho de ninguém.

Enervando qualquer diretor com quem trabalhasse, começou a ser boicotado e os produtores da MGM não o queriam de forma alguma nesta produção. Jules Mushin, o terceiro protagonista, já estava quase que totalmente esquecido e nem foi cogitado chamá-lo. Diante dessas impossibilidades, a história foi reescrita e tomou um rumo mais melancólico.

Aqui, Gene Kelly, Dan Dailey e Michael Kidd são Ted Riley, Doug Hallerton e Angie Valentine, três jovens que lutaram juntos na guerra e se tornam inseparáveis. Quando a guerra termina, cada um toma seu rumo. Mas não sem antes combinarem de se encontrarem no mesmo bar 10 anos depois.

Os anos passam, as vidas dos rapazes se transforma, seus sonhos e também seus fracassos tornam-se realidade. E 10 anos depois eles são homens feitos, cada qual tomando conta de sua vida e trazendo em comum apenas a grande frustração de não terem se tornado aquilo que queriam na juventude.

Mesmo com imensa desconfiança, todos vão ao local do encontro tão somente para perceber que não tem mais nada em comum. É aí que o drama começa, com cada um apontado no outro erros e não admitindo que eles mesmos possuem suas falhas. A grande questão do filme é: é possível continuar amando e mantendo laços após o passar dos anos? Não responderei essa questão. Você mesmo terá que conferir este filme que também traz no elenco a belíssima Cyd Charisse e a versátil Dolores Gray.

Em tempo: filmado em cinemaScope à revelia de Gene Kelly, e trazendo as cores reforçadas na tecnologia Eastmancolor, Dançando nas Nuvens chegou a ser indicado aos Oscares de Melhor Roteiro e Trilha sonora. O filme também marcou também o fim da parceria entre Gene Kelly e Stanley Donen, que jamais voltariam a superar as diferenças apresentadas durante as filmagens.

Aconselho você a redescobrir esse filme, que apesar de não ter feito sucesso na época traz momentos magníficos e reflexões que são válidas, tomas as devidas diferenças, ainda nos dias de hoje.

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