Adivinhe Quem Vem para o Jantar (1967)

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Dirigido por Stanley Kramer, Adivinhe quem vem para jantar (Guess Who’s Coming to Dinner, 1967) traz Sidney Poitier como um respeitado  Dr. John Wade, que tem ao ser apresentado aos seus sogros, tem que lidar com o racismo. Todos parecem se chocar com a simples visão dos dois juntos. Tudo isso por que ele é negro.

O tratamento dado ao doutor é um retrato de uma época. Os Estados Unidos eram proibidos casamentos interraciais até por volta dos anos quarenta e cinquenta, e em 1967 ainda era ilegal em 17 estados. E muitos anos depois os ecos do preconceito ainda eram visíveis. O tema era um grande tabu para a maioria das pessoas. O personagem criado era tão ético que a única coisa que podia interpor a felicidade do casal seria o preconceito.

O filme é recheado de ótimos diálogos, como o que o Dr. Prentice  tem com seu pai. O pai exige seu respeito, pois trabalhou para que ele se transformasse no homem culto que é, no que Wade responde que o que ele fez foi sua obrigação, obrigação de um pai que coloca o filho no mundo, e que não pode dar amor exigindo sua troca quando adulto, e que ele também terá essa obrigação com seu filho. Ele termina, dizendo que o grande erro de seu pai é que ele se vê como um homem negro ao passo que o filho enxerga-se e é um Homem. Apenas um homem, sem distinção de cor, e baseando sua vida na dignidade que qualquer ser humano deve ter.

Talvez o que mais chame a atenção é o discurso colocado na boca da empregada da família: um mulher negra e amável, com quem eles conviveram durante 22 anos, e que não entende como sua garotinha linda e branca se interessa por alguém de sua raça. A resposta da garota vem prontamente: se eu sou capaz de amá-la, porque não a ele? Mais um vestígio visto constantemente em filmes americanos: discursos descriminatórios colocados na boca de pessoas negras.

O filme venceu o Oscar de melhor roteiro original. Spencer Tracy estava adoentado já no início das filmagens, e era um grande cuidado para a produção. O ator faleceu pouco tempo depois. Katharine Hepburn, que atuou ao lado dele, jamais conseguiu assistir ao filme inteiro e as filmagens foram repletas de momentos emocionantes.

 

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