Estrelas de Cinema Nunca Morrem (‘Film Stars Don’t Die in Liverpool, 2018) retrata aquele que teria sido o último romance da atriz Gloria Grahame. Mas a atriz teve um grande escândalo ao longo da vida: Teria sido verdade o romance com o enteado de 13 anos?
Gloria Grahame foi uma estrela de sucesso durante as décadas de 40 e 50. Ants de mais nada, vale a pena ver esse vídeo em que ela recebe seu único Oscar, recebido por sua participação como atriz Coadjuvante em Assim Estava Escrito (The Bad and the Beautiful, 1952):
Hehe, não consigo não rir com isso. Tímida, nervosa, sem jeito, ela parecia o oposto das personagens sensuais que interpretava nas telas. A atriz que estreou aos 23 anos em Blonde Fever (1944), pouco a pouco ganhou espaço após participar em um pequeno papel em A Felicidade Não Se Compra (1946).
Porém, a MGM logo percebeu que ela não se encaixava bem em seus dramas, romances e musicais. Na verdade, Glória só foi deslanchar mesmo quando passou a interpretar mulheres com um grande sex appeal em suspenses e noirs. Particularmente ela era uma garota que tinha problemas sérios com relação à maneira como se enxergava. Gloria não achava que era uma mulher bonita, e se submeteu a processos estéticos que deixaram a parte superior de sua boca paralisada. Mas, acredite, esse era o menor de seus problemas.
Escândalos na vida Privada: um romance com um garoto de 13 anos?
Sua vida privada também acabou virando objeto de especulações e muitas teorias. A atriz se tornou conhecida por um pretenso gênio forte, que vira e mexe deixava transparecer durante as filmagens. Jamais saberemos se de fato ela era assim, já que muitas artistas eram retratadas dessa maneira quando lutavam por seus direitos. Vide o caso de Bette Davis, estigmatizada como uma garota má quando apenas lutava por um lugar ao sol e não se conformava com pouco.
Mas foram seus quatro casamentos que movimentariam os tabloides. O primeiro marido foi Stanley Clements, um ator e comediante com quem ela uniu os laços em 1941 e separou em 1948, quando conheceu seu segundo amado, Nicholas Ray. O aclamado diretor já havia sido casado e tinha um filho chamado Anthony.
Diga-se de passagem que Nicholas nunca foi o mais perfeito dos homens, e costumava abusar de atores e atrizes com quem trabalhava. Portanto, muita calma para o que você vai ler agora. Durante o processo de divórcio, ocorrido em 1952, Nicholas conseguiu ficar com a guarda de Timothy Ray, filho do casal. Ele fez fortes acusações de adultério por parte da atriz ao afirmar que Gloria tinha um caso com seu filho adolescente, Anthony Ray.
Gloria até o final de seus dias negou que tivesse sido pega na cama com o adolescente de 13 anos conforme falou seu ex-marido. Chegou mesmo a dizer que foi uma estratégia de Nicholas para ficar com seu filho. Aparentemente ela se recuperou do baque e seguiu sua vida. Entre 1954 e 1957 ficou casada com o ator Cy Howard. Marianna Paulette Howard nasceu desse relacionamento:
Gloria Grahame se casa com o ex-enteado
Mas aí as coisas saíram de rumo quando em 1960, precisamente oito anos após o término de seu casamento com Nicholas, Gloria se casava com Anthony, o possível pivô da separação. Se alguém tinha dúvidas com relação ao romance agora não tinha mais. Anthony Ray tinha 23 anos e Gloria 37. Não é preciso dizer que pai e filho já haviam cortado relações há muitos anos.
Curiosamente esse foi o relacionamento mais duradouro da Gloria. Os dois ficaram juntos por 14 anos e tiveram dois filhos: James e Anthony Jr. Esses filhos também ficaram sob a guarda do pai. É aí que entra a história contada por Peter Turner, e que por algum motivo, não me convence muito. Posso estar errada.
Peter Turner afirma ser o último amor de Gloria Grahame
Em 2017 tivemos o lançamento do filme “Film Stars Don’t Die in Liverpool”, baseado no livro de Peter Turner. Ele afirma ter sido o último amor de Gloria. Na história, a atriz vivia anos luz de seus dias de glória, e passava seu tempo entre Hollywood, onde possuía uma confortável casa e a Inglaterra. Mais precisamente Liverpool. É foi lá que conheceu o jovem Peter, quando passou a morar em um pequeno prédio.
Ela participa de pequenas peças e logo fez amizade com seu vizinho e passam a viajar constantemente. Os pais dele também são fãs da veterana atriz. Bem, tudo termina em romance e vai bem até que ela misteriosamente desapareceu e o rapaz ficou sem entender o que fez de errado.
O filme dirigido por Paul McGuigan, traz a maravilhosa Annette Bening e Jamie Bell nos papeis principais. Apesar de ser uma história fechadinha, com bons momentos que mostram uma Gloria fascinante, simples e do povo me deixou com um pé atrás. Esteticamente é belo, Billy Elliot (Jamie Bell) prova ser um bom ator, Annette dispensa apresentações (ela chegou a pegar dicas com o próprio Peter), mas a história não me parece real. Posso estar errada.
Isso porque Peter, um ator que jamais conseguiu alçar qualquer estrelato, lançou um livro em 1986, poucos anos após a morte de Gloria. Nele, o rapaz, que era gay, não possui um só gesto que não seja nobre, sua família venera a atriz (exceto, naturalmente seu irmão), seus amigos acham linda a relação. Pontos positivos, além das atuações já citadas estão os belos figurinos e um momento de magia com a presença da queridíssima Vanessa Redgrave como a mãe e espécie de voz de Deus quando aconselha o rapaz a jamais se casar com sua filha. Ele, claro, segue.
A mãe temia um novo escândalo, justifica. Tudo é muito fechadinho e perfeito, o que, pelo menos para mim, repito, torna a história um tanto quanto estranha. Afinal, Gloria não estava mais entre nós para tecer algum comentário sobre seus últimos dias. E se de fato se envolveu com Peter. Trabalhamos com provas. hehe. Mas de qualquer maneira, vale a pena assistir ao filme, que se você se desapegar de fatos reais, poderá curtir e até mudar um pouco a visão que a maior parte das pessoas tem da Gloria.
O Final de uma vida
A verdade é que a atriz teve câncer duas vezes. Na primeira teve remissão. Na segunda, se negou a acreditar que iria morrer, e passou a tomar remédios paliativos e homeopáticos enquanto continuava sua jornada de trabalho exaustivo. Tudo piorou nos finais dos dias porque ela se negava a se tratar em um hospital. E quando finalmente deixou-se levar pelos filhos, faleceu no mesmo dia. Era 5 de outubro de 1981 e tinha 58 anos.
Há uma matéria em inglês onde você pode ler o que Peter tem a dizer sobre o assunto. De qualquer maneira é bom ouvir a outra parte: CLIQUE AQUI