Julgamento em Nuremberg (1961)

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Julgamento em Nuremberg (Judgment at Nuremberg), dirigido por Stanley Kramer, retrata o ano de 1948, quando o juiz americano Dan Haywood julgou quatro juízes por crimes cometidos durante o nazismo. Para isso são ouvidas testemunhas do caso, como Rudoph Petersen (Montgomery Clift), que foi esterilizado por ser considerado uma pessoa mentalmente incapaz; Irene Hoffman (Judy Garland), testemunha de um caso anterior, em que seu amigo e mentor judeu foi condenado a morte, por supostamente ter tido relações sexuais com a própria.

O advogado de defesa, Has Rolfe (Maximilian Schell) retruca cada uma das acusações brilhantemente, calcado na lógica dos acontecimentos. Para ele, a condenação dos juízes seria uma injustiça, pois os mesmos somente cumpriam o que a lei determinava, e traidor seria aquele que naquele momento, fugisse às suas obrigações com o povo alemão.

Tad Lawson (Richard Widmark), o advogado de acusação, baseia sua acusação na emoção que os efeitos do nazismo traziam para o mundo: mostra cenas de um filme (reais), chama a atenção para as atrocidades cometidas não a um povo, mas ao mundo, relata que cada um deverá responder por seus atos. Uma situação difícil para o juiz Haywood, que fez amizade com Madame Bertholt (Marlene Dietrich), uma viúva de um condenado.

Para um filme tenso como esse foram chamados nomes de peso para o elenco: Spencer Tracy, Burt Lancaster, Richard Widmark, Marlene Dietrich, Maximilian Schell, Judy Garland, Montgomery Clift fizeram participações. Spencer Tracy defende seu personagem de forma magistral enquanto que Maximilian Schell dá um show de interpretação.


Schell, ator austríaco , já participara de ”Os Deuses Vencidos” e teve com esse filme, o segundo de sua carreira, uma consagração de sua carreira. Montgomery Clift não vivia seus melhores dias após o fatídico acidente de carro que teve anos antes e que o deixou paralizado. Sua participação é permeada com uma interpretação emocionante e seu rosto cansado e ativez da face contribuiu para o personagem. No entanto o ator teve inúmeras dificuldades, já que não conseguia decorar mais os textos. Isso não impediu que ele, com sua curta participação no filme de 186 min fosse indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante daquele ano.

Marlene Dietrich não se sentiu muito a vontade, ao relembrar fatos de sua própria história, já que ela mesma trabalhava contra os nazistas, que no filme ela defende, mas mesmo assim encarou tudo com o profissionalismo com o qual já era conhecida. Judy Garland fazia mais um de seus constantes retornos, sete anos após perder o Oscar em “Nasce uma Estrela”.

 

Mas o maior ponto alto do filme é o roteiro de Abby Mann, que desenrola-se tão perfeito que nós, espectadores, assistimos a tudo passíveis a emoções de ambas as defesas. Quando nos convencemos do que uma parte diz, logo chega a outra e toma-nos a razão, deixando-nos em dúvida. O roteirista levou o prêmio da Academia por seu trabalho. Nós ganhamos um filme espetacular, testemunha de uma época, e sobretudo retrato muito bem adaptado de uma parte sombria de nossa história.

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