Lolita (1997)

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Segundo Joyce Milton (249), fatos da vida Chaplin Grey teria inspirado a história do livro de Vladimir Nabokov, escrito em 1955. Para a autora, são incríveis as semelhanças em alguns pontos bem cruciais. E ela destaca algumas: o bigode escova de Humbert Humbert (retirado dos filmes), o excesso de confiança em conquistar mulheres e a paixão juvenil (no caso de Chaplin houve Hetty Kelly e Humbert teve Annabel, que também morreu jovem). A autora segue com uma série de outras coincidências como o nome da mãe de Lolita (Charlotte), além do próprio nome Lolita, que remete a Lita Grey.

Inspirado ou não no caso Chaplin, o fato é que a história é controversa pelo fato de narrar a pedofilia ou hebefilia (paixão por adolescentes) do ponto de vista do pedófilo. Para Humbert, ele é a vítima de uma jovem que se aproveitou de seu amor, não reconhecendo “tudo” o que ele lhe ofereceu. O homem em momento algum enxerga-se como aquele que abusa de uma menina e a mantém em cárcere privado para satisfazer seus desejos mais íntimos. Tampouco se ressente pela morte da mãe desta, antes, torce para que isso aconteça.

 

A história foi levada às telas duas vezes. A primeira, em 1962, dirigida por Stanley Kubrick, sofreu severos cortes da censura e lançou ao estrelato Sue Lyon, na época com 14 anos. Em 1997, Adrian Lyne lançaria sua versão, mais detalhada e livre de cortes. Dominique Swain, escolhida para o papel principal, tinha na época das filmagens 15 anos, o que forçou a produção a utilizar dublês de corpo para as cenas de sexo mais ousadas.

Compõem o elenco principal, Jeremy Irons como Humbert e Melanie Griffith como Charlotte. Irons ficou muito tempo em dúvida se poderia aceitar esse papel, temendo que ele prejudicaria sua carreira, mas foi convencido por sua amiga Glenn Close, e pela possibilidade de trabalhar ao lado de Adrian Lyne.

A versão de 1997 é mais literal do que a de Kubrick, pelos motivos já vistos. Aqui temos um vislumbre da personalidade moldada de Humbert: um homem que afirma ter conhecido o amor ainda jovem, através de Annabel, moça que conheceu aos 14 anos de idade e que morreu precocemente. Ela deixou uma marca intransponível em sua personalidade, e logo o homem passaria a vida toda em busca de uma nova ninfeta. Chegando em New Hampshire, onde assumirá uma cadeira de literatura, o professor fica fascinado por “Lo” e cria uma obsessão por ela. Ele será capaz de ter um romance com Charlotte apenas para usufruir da presença da ninfeta. É curioso notar que Humbert não tem nenhuma moral ou senso crítico, e enxerga a garota apenas como um objeto sexual. Reconhece que ela desconhece o poder de fascínio, e insinua um tom vamp que acredita que ela tenha.

 

 

O filme é de fato uma grande produção, com performances elogiadas e trilha sonora do grande Ennio Morriconi. O resultado dos novos tempos deu o tom polêmico e Lolita sofreu as consequências sérias de distribuição. Em alguns países só chegou a ser lançado dois anos depois. De qualquer forma fica a reflexão sobre um tema forte, embora seja impossível enxergar com alguma simpatia a história do ponto de vista de Humbert.

 

* * Lolita está sendo lançado em DVD no Brasil pela Classicline e pode ser adquirida em qualquer loja do ramo ou na Livraria Cultura. Clique na imagem abaixo:

 

 

 

Referências:

 

MILTON, Joyce: Contraditório Vagabundo. Editora Atica, 1997, p. 249

http://www.imdb.com/title/tt0119558/?ref_=tttr_tr_tt

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