O diretor Wegener criou uma espécie de fascinação pela lenda do Golem. Em 1915 ele havia feito uma versão (Der Golem) mas que se encontra perdida até hoje. Com a ideia ainda na cabeça, decidiu fazer uma segunda versão em 1917 e mais uma vez não deu certo. Também está perdida. Essa da qual falaremos agora se transformou em um dos mais conhecidos filmes do expressionismo alemão. Além de dividir da direção desta versão de 1920 com Carl Boese, ele Wegener também interpreta a estátua.
Golem é uma lenda judaica sobre uma estátua de barro antiquíssima, que foi trazida por um rabino. Ela foi construída para ser um protetor dos judeus e é trazida à vida quando se diz uma palavra mágica e coloca-se a estrela de davi em seu peito. Mas ele também tem suas falhas quando chega uma certa época do ano. Inicialmente, ele segue todas as ordens de “seu chefe”, mas chega um momento em que ele faz somente aquilo que quer.
Não se sinta surpreso ao perceber que a história lembra a de Frankenstein, escrito por Mary Shelley. Tanto um quanto outro são julgados pela aparência que tem e nos faz pensar em quem é o monstro de verdade. Quem os ataca pela aparência ou eles mesmos. A cena em que o Golem recebe uma rosa de uma criança é bastante simbólica. Mostra que mesmo sendo feito de barro, ele tem sentimentos. E esses sentimentos podem ser mudados de acordo de como ele é tratado.
Pessoas feridas podem se tornar más pessoas. Neste caso, de quem seria a culpa? Seria um ótimo debate nos tempos de hoje, quando o bullying virou um assunto de suma importância, essas são duas obras importantes para tratar o assunto.
Você pode me achar meio louca, mas vi também similidade entre este filme e o King Kong (1933), pois o “monstro” fica fascinado por uma bela moça e a sequestra. Há uma história paralela de amor entre dois jovens, a filha do dono do Golem e um rapaz. Pois justamente é por ela que Golem irá se interessar, também a sequestrando.
Mas vamos aos aspectos do filme. Notamos logo a transição de cores nas cenas, que podem ser verde, amarelo, preto e branco e sépias, além de cenários góticos criados por Hans Poelzig. Esses cenários tortuosos eram perfeito para dar o tom de penumbra que o expressionismo pedia.
* O filme foi finalmente lançado pela Obras Primas do Cinema no excelente Box Expressionismo alemão 2. No box contam com os seguintes filmes: Os Nibelungos – A Morte de Siegfried, Os Nibelungos – A Vingança de Kriemhild , Diário de uma garota perdida, O Golem, Como Veio ao Mundo e A Última Gargalhada.
O Box conta também com extras: Mais de 90 minutos de extras, incluindo 2 inéditos documentários que falam sobre os processos de restauração, técnicas de produção, visão de bastidores e influências na cultura dos filmes “Os Nibelungos e A Última Gargalhada”.