Papai Ganso (1964)

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Cary Grant estreou em Esposa Improvisada (1932), de Frank Tuttle, onde ele fez uma pequena participação. No mesmo ano ele atuaria em Vênus Loira, ao lado de Marlene Dietrich, e começaria a galgar em busca do sucesso. Demoraria mais algumas produções para se consagrar no primeiro time de atores de Hollywood e em breve todos aqueles a quem ele admirava estariam lado a lado na mesma mesa.

 Grant dividiria a tela com as atrizes mais quentes do momento, Mae West (que lhe deu a primeira grande chance no cinema), Irene Dunne, Katharine Hepburn (com quem formaria uma das duplas mais impagáveis da década), Ingrid Bergman (em dois filmes) e se tornaria o ator preferido do também inglês Alfred Hitchcock.
Na década de 60 ele diminuiu o ritmo e estava cansado de fazer papéis de homens mais velhos cujas companheiras eram jovens. O ator realmente não se sentia bem em fazer par com Audrey Hepburn, que tinha 25 anos a menos que ele, e pediu que fizesse algumas alterações no roteiro de Charada. O ator chegou mesmo a recusar alguns papéis que seriam significativos em sua carreira nessa época. Um deles seria em My Fair Lady, onde atuaria novamente ao lado de Audrey.
Mas tocado pelo papel do professor Walter, ele topou atuar no filme do diretor Ralph Nelson. Chegou a chamar Audrey para esse novo filme juntos, mas ela já estava comprometida com a personagem de Eliza. Em Papai Ganso ele faria par com a jovem Leslie Caron, 27 anos mais jovem.

A francesinha Leslie Caron era bailarina, e após brilhar ao lado de Gene Kelly em Um Americano em Paris, se consagrou também em terras americanas. Recebendo uma indicação de Melhor Atriz por Lili, trabalhou também ao lado de outro grande bailarino, Fred Astaire. A década de 50 foi bem marcante para a atriz, que apesar de atuar ao lado de Grant não conseguiu manter o ritmo. Os dois formariam uma curiosa dupla no filme de 1964.

Papai Ganso se passa na Segunda Guerra Mundial, e conta a história de Walter (Cary Grant), um professor de história é designado para ficar de vigia em uma ilha isolada do Oceano Pacífico. Seu trabalho é acompanhar a movimentação de possíveis tropas japonesas e usar o codinome “Mamãe Ganso”. Sua vida transcorre de certa forma calma, e sua maior preocupação é com relação ao whisky, até a chegada de Catherine Freneau (Leslie Caron), uma professora francesa que escapou de um naufrágio com algumas crianças e pede sua ajuda.

O filme ganhou o Oscar de Melhor Roteiro de 1965 (Peter Stone e Frank Tarloff), e recebeu indicações também de Melhor Som e Edição. Ralph Nelson não foi um diretor de grande destaque, excetuando-se sua indicação ao Oscar por Uma Voz Nas Sombras (1963) e embora Papai Ganso seja um filme agradável, não pode ser considerado o melhor na carreira dos envolvidos.
Este se tornou a sétima maior bilheteria de 1964, mas não foi um sucesso absoluto de crítica ou público que não gostou de ver seu eterno galã com uma barba para se fazer. Hitchcock já tinha passado por isso quando tentou seguir o roteiro original de Suspeita, mas não pode, já que aparentemente ninguém tolerou que Grant fizesse o papel de vilão.
 Parece bobo hoje em dia, mas para os atores era muito difícil escapar de estereótipos fabricados pelos estúdios. Uma vez galã, eternamente galã. E envelhecer não estava sendo fácil para o ator, que preferiu se afastar das telas definitivamente em seu próximo filme. Isso tudo é muito curioso, já que Grant chegou a dizer em certa ocasião que Walter era o personagem que era mais parecido com ele na vida real. Seu público gostaria do verdadeiro Cary Grant?
Papai Ganso foi lançado esse mês pela Obras Primas do Cinema e pode ser adquirido em qualquer loja de dvds ou na Livraria Cultura.

 

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