Um capitão aposentado e deficiente visual vive solitariamente, e contrata um jovem militar em férias para acompanha-lo em uma viagem. Fausto perdera a visão e o braço em um acidente alguns anos anos. Se tornou um homem anárquico, cínico, que parece desconhecer a palavra limite. O jovem Giovanni (Alessandro Momo), que pensa em ganhar um dinheiro no período, tem dúvidas se conseguirá acompanhar o sarcástico capitão. A depressão de Fausto é clara em cada gesto seu, e a mudança de humor denota que ele jamais se acostumará com seu destino. O que Giovanni não sabe, é que o homem tem planos bem definidos para esta viagem.
Perfume de Mulher é mais conhecido pela versão lançada em 1992 e que trouxe o Al Pacino e Chris O’Donnell nos papéis principais. E se a versão mais recente rendeu a Pacino o seu tão esperado Oscar de Melhor Ator, a de 1974 garantiu ao Vittorio Gassman o prêmio de melhor ator no festival de Cannes. Já o jovem Alessandro Momo, que na época tinha 17 anos, não chegou a ir ao festival ou mesmo assistir à estréia do filme, pois morreu em um acidente de moto pouco depois das filmagens.
Apesar de se tratar da mesma história basicamente, posso dizer que os dois filmes são inteiramente diferentes. Fausto é um homem amargurado, mas não tão grosseiro. O título Perfume de Mulher se justifica pelo fato dele identificar as mulheres por seus cheiros. Mas para ele há uma especial, Sara (Agostina Belli) e ele embarca para Nápoles, não para reencontrá-la, mas para morrer próximo a ela.
Nesta versão não temos a forte ligação formada entre o jovem e o homem vista na versão de 1992. Quase nada sabemos sobre Giovanni, sobre sua família e ambições. O foco de Risi é totalmente no personagem do homem cego e sua dificuldade em aceitar o amor da jovem e bela Sara. Basicamente, como insinuei acima, temos dois filmes. Duas belas versões de Perfume de Mulher. E se nesta não temos uma bela cena de tango, temos Vittorio Gassman em uma das mais doces cenas finais do cinema. Cena esta, claro, que não irei contar.