Um Dia de Cão (1975)

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Em 9 de Setembro de 1971 iniciou-se uma rebelião no Presídio de Attica, Nova York. Neste dia, os presos mantiveram funcionários do presídio como reféns. Após de 5 dias veio a resposta violentíssima da polícia, um verdadeiro massacre que culminou com a morte de 39 pessoas, das quais 11 reféns. Trinta e dois eram presos. Em 1972, John Wojtowicz, mais conhecido como Sonny, invadiu um banco para conseguir dinheiro para que sua esposa transexual pudesse fazer uma cirurgia de mudança de sexo.

O verdadeiro Sonny
A história de Attica e Sonny seria relembrada quatro anos depois com Dog Day Afternoon. Sidney Lumet contou com um elenco diminuto, porém afiado, que trazia jovens como John Cazale, Sully Boyar, Charles Durning e Al Pacino. Este último no auge da carreira após estrelar O Poderoso Chefão  e o inesquecível policial Sérpico. Cazale foi uma indicação de Pacino, que o conheceu nos sets de O Poderoso Chefão. Apesar do personagem ser pensado como um jovem de 18 anos, pequeno e belo, o roteirista Frank Pierson e Sidney Lumet resolveram acatar a sugestão de Pacino e não se arrependeram da decisão. O ator que faria apenas mais um filme (ele faleceu precocemente em 1978) trouxe aqui uma de suas melhores performances.
Sonny (Al Pacino), num ato de desespero, juntara-se a dois amigos, Sal (John Cazale) e Stevie (Gary Springer), para assaltar um banco no final do expediente. Verifica-se que eles não têm mesmo experiência, dado o nervosismo e a desistência de Stevie no último momento. Um grupo de mulheres que trabalham no banco e o gerente são mantidos reféns, enquanto Sonny vasculha os cofres que estavam vazios: todo o dinheiro havia sido recolhido de tarde, pelo Caixa forte. O assaltante fica nervoso e começa a vasculhar os demais caixas, recolhendo o dinheiro restante e queimando registros.
O atrapalhado assalto vai tomando proporções imensas quando os jornalistas chegam para dar cobertura a toda a negociação. O público, curioso e entusiasmado, ignora se vidas estão em perigo, os reféns começam a acreditar que estão realmente em um show, Sonny se desespera aos poucos e Sal permanece num estado assustadoramente letárgico. Acreditando que pode pedir tudo, Sonny começa a exigir coisas: a presença de sua esposa, limusine, jato para fuga, pizzas, cerveja e analgésicos. Seus gritos de Attica acabam por angariar a simpatia do povo, tornando-o um astro instantâneo.
Observe direitinho. O filme de Lumet não tem nenhuma trilha incidental e a única música que você verá tocando será uma de Elton John no carro do personagem principal. Essa foi uma escolha do Lumet, assim como a preferência em utilizar cenários reais. O banco, a barbearia, as casas dão um toque real ao filme. Adepto ao novo cinema que surgia desde o final da década de sessenta, o diretor também incentivava a participação direta dos atores nos diálogos, que chegaram a ser improvisados em algumas partes. O mais famoso deles é o em que Al Pacino dialoga ao telefone com Chris Sarandon, sua esposa no filme.
Charles Durning
Um Dia de Cão completa-se ao nivelar momentos de tensão com certa comédia em meio a trama bem construída, com um desfecho esperado (inocência de Sonny pensar que fugiria para outro país em um jatinho), rendendo a Al mais um personagem marcante para sua galeria. Dificilmente, depois do brilhante filme de Sidney Lumet, Attica voltará a ser esquecida.

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