Victor/Victoria (1982)

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Blake Edwards  e Julie Andrews fizeram juntos oito filmes entre 1970 e 1986, firmando uma parceria na vida e na obra. O mais famoso de todas é sem dúvida Victor/Victoria, de 1982. A história de uma mulher que se transveste de homem para fazer sucesso não era nova, já tinha sido realizada três  outras vezes: a primeira versão, Viktor und Viktoria (1933) foi realizada na Alemanha. Dois anos mais tarde seria refilmado na América, sob o título Mulher Antes de Tudo (1935). Na década de 50 tivemos outra versão realizada na Alemanha, Vítor e Vitória (1957). Mas, contrariando muitos que detestam refilmagens, a obra de Blake Edwards permanece como a melhor das quatro.

O resultado foi fabuloso: o filme recebeu 7 indicações ao Oscar, dentre elas Melhor Atriz (Julie Andres), Ator coadjuvante (Robert Preston), Atriz coadjuvante (Lesley Ann Warren), Direção de arte e Figurino. Levou apenas a de Melhor trilha sonora adaptada.
VICTOR/VICTORIA, Robert Preston, 1982, (c) MGM
Vamos à sinopse: Victoria é uma cantora fabulosa. Sua voz de soprano, porém, não lhe garante uma só oportunidade para demonstrar isso. Os testes são exaustivos, e ela passa dificuldades. O pagamento de seu quarto está em atraso. Ela conhece Carroll Todd, um cantor também em um estado lastimável. Desempregado, tem a ideia de vestir Victoria de homem, e transforma-lo em Victor. Os dois conseguem bons trabalhos. Fingem ser amantes. O público fica fascinado pela beleza de um homem que se parece uma mulher. Um deles é o gângster King Marchand, que se espanta ao perceber que sente interesse por outro homem.
Um dos elementos que faz o filme funcionar é o elenco. Além da carismática Julie Andrews, temos Robert Preston como seu melhor amigo. A dupla funciona muito bem. Outra que se destaca é a Lesley Ann Warren como a divertidíssima Norma Cassady. Sua personagem lembra muito a Lina Lamont (Jean Hagen) de Cantando na Chuva. Uma loira provocante, sem papas na língua e irritante ao mesmo tempo. São primorosos os figurinos desenhados por Patricia Norris e a trilha sonora do querido Henry Mancini.
A graça do filme está na brincadeira e reflexão que traz em cima dos padrões, nos questionamentos sobre papéis femininos ou masculinos. King é o típico machão que se envolve com starletts. Ao ver Victoria em plena apresentação, jura se tratar de mais uma mulher que ele pode conquistar. A decepção visível em seus olhos vem da percepção de que pensa estar atraído por outro homem. Com a revelação de que se trata de fato de uma mulher, ele irá tentar molda-la para que volte ao que ele julga ser o padrão feminino. James Garner é um ator tão versátil que dificilmente consigo pensar em outro melhor para interpretar esse personagem.
Outro ponto a ser tocado, ainda com relação a King, é que ele não percebe, mas está rodeado do mundo gay. Seu secretário vive uma vida secreta, enquanto finge ser um dos seus. Ao flagrar o patrão com Victoria, passa a pensar que o patrão também é gay, sente-o como um deles, e pode enfim se abrir. Os diálogos, enfim, são um dos pontos mais altos.

Victor/Victoria está sendo lançado pela Classicline e pode ser encontrado em qualquer loja do ramo. Para comprar online, basta clicar na imagem abaixo:

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