Volta Meu Amor (Lover Come Back, 1961)

Carol Templeton (Doris Day) é uma mulher que sabe o que quer: dedicada ao seu trabalho em uma agência de publicidade, ela exige o mesmo comprometimento de sua equipe. No entanto, a publicitária está enfrentando um problema com um certo Jerry Webster (Rock Hudson). Um homem que ela nunca conheceu está conquistando várias contas à sua frente. E o pior: ele usa métodos nada profissionais, como levar os clientes a jantares com mulheres lindas, grandes festas e embriagá-los.
Determinado a resolver a situação, Carol decide denunciá-lo ao conselho de propaganda, pois considera isso injusto. Jerry, por outro lado, acredita que não está fazendo nada de errado, já que tudo não passa de uma estratégia para atrair clientes. Para ele, cada tática é válida. E a dele é usar seu charme para conquistar os melhores clientes, indo atrás do que eles mais desejam.
Após ser denunciado, Jerry fica desesperado, mas consegue uma testemunha a seu favor. Ele convence uma modelo a fazer propaganda de “VIP”, um produto que, na verdade, nem existe. É aí que a situação se complica. Ele precisa provar que o produto não é uma invenção sua. Para enrolar Carol, que está em sua cola, ele decide agir como se fosse o criador do produto, o pacato e inocente Tyler.
Tentando imitar as artimanhas de Jerry, Carol acredita que pode chegar primeiro e leva Tyler a todos os lugares que ele deseja ir. Para sua sorte, ele parece ser um homem sem segundas intenções. Ela até o convida a dormir em seu apartamento. Carol acaba caindo nas garras de Jerry e se vê manipulada exatamente da forma que nunca imaginou.
Jerry consegue levar Carol para a cama. E sabemos que levar uma personagem interpretada por Doris Day a esse ponto é algo digno de nota. Mas, claro, a atriz fez questão de que sua personagem não se entregasse sem casar primeiro. A justificativa utilizada foi que ambos comeram os bolinhos “VIP”, que estavam carregados de álcool, acabaram se casando e acordaram sem lembrar de nada no dia seguinte.
A parte divertida fica por conta do susto dela e das consequências alguns meses depois, que farão o casal se casar novamente devido aos acontecimentos. Se você leu esse roteiro e notou semelhanças com “Confidências à Meia-noite” (1959), não está enganado. Ambos seguem a mesma linha de uma garota esperta, mas ingênua, que é enganada por um charmoso e popular fanfarrão. Embora o roteiro não seja nada original, Stanley Shapiro e Paul Henning foram indicados pela Academia como roteiro original. A Academia é cheia de surpresas.
Costumo pensar em como os filmes da atriz e cantora envelheceram, especialmente por conta das características “carolices” de suas personagens, que, apesar de independentes, se surpreendiam com gestos simples como um beijo ou um abraço mais intenso. O interessante neste filme é que a visão de mundo da personagem é testada e já se tornou um tanto antiquada.
Ainda assim, aprecio as falas, que contêm várias tiradas de tom levemente sexual, e também o personagem interiorano de Rock Hudson. Ele acaba roubando a cena, fingindo ser mais ingênuo do que a própria Carol. É algo tão claramente bobo e sem noção que acaba seduzindo. Bem, estamos no final da década de 50, e os filmes de Doris, querendo ou não, tinham esse tom que divertia bastante.
Portanto, assista a esse filme sem grandes expectativas, em uma bela tarde chuvosa, e deixe-se envolver por esse casal tão carismático. E, convenhamos, Rock Hudson está mais lindo do que nunca. Doris também tem seu charme. Os cortes de suas roupas, tanto neste quanto em qualquer outro de seus filmes, são sempre bem elaborados e elegantes. Aqui, ela é vestida por Irene, e muitos dos trajes poderiam ser usados até hoje.