Luise Rainer, a primeira atriz a receber 2 Oscars seguidos

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Luise Rainer nasceu em 12 de janeiro de 1910, em Dusseldorf na Alemanha. Ao se mudar para Berlim, começou a trabalhar no cinema ao lado de  Max Reinhardt. Trabalhou em algum filmes alemães de pouca expressão, até que o todo poderoso LB Mayer a viu em um desses filmes e a levou para a MGM.  Tudo parecia bem até então. A estréia em Hollywood foi em Flerte (Escapade, 1935), onde ela trabalhou ao lado de William Powell.

Já no seu segundo filme, Ziegfeld, o criador de estrelas, Luise faturou seu primeiro Oscar de melhor atriz. No ano seguinte ela ganharia outro Oscar, dessa vez pelo filme Terra dos deuses (1937), onde trabalhou com o grande Paul Muni na história de dois chineses lutaram para sobreviverem aos períodos de seca.

Luise Rainer

Nem Muni nem Rainer eram orientais, mas foram escalados para os papéis porque as pessoas da época preferiam colocar brancos interpretando outras nacionalidades ou envolvendo-se amorosamente com pessoas de outras etnias por puro preconceito. Esse é um assunto que pretendo voltar a falar em outro momento.

Nesse ano concorreram além de Luise, Irene Dunne (Cupido é Moleque teimoso), Greta Garbo (A Dama das Camélias), Janet Gaynor (Nasce uma estrela) e Barbara Stanwyck (Stella Dallas). Particularmente, vendo todas as concorrentes e tendo assistido a todos os filmes eu daria o Oscar de 1938 para Barbara Stanwyck, pois ela está impagável no papel da mãe que se humilha para que sua filha não tenha origem dela. Mas essa é a minha opinião.

Clifford Odets e Luise Rainer

O público e a crítica especializada da época, por sua vez ficaram revoltados com a vitória dela, pois havia uma preferência e torcida quase maciça por Greta Garbo. Garbo já estava brilhando há alguns anos e se entregou também ao seu papel preferido. O estilo de interpretação da atriz sueca condizia bem à época, já que ela advinha do cinema mudo, e amparando-se no olhar e gestos. Stanwick por sua vez, mesmo sendo da mesma época, trazia uma naturalidade que em muito lembra o tipo de interpretação que temos até hoje. Ambas, grandes. Aliás, todas que concorreram em 1938.

Luise Rainer

Com isso ela acabou sendo a primeira atriz da história da Academia a receber dois prêmios seguidos. O que acontece quando se chega ao topo? É difícil manter-se. E a promissora estrela, que na época dividia as atenções da MGM com Norma Shearer, Joan Crawford e Greta Garbo parecia que ia decolar rapidamente.

Mas foi exatamente o contrário que aconteceu. E isso teve a mão de alguém do estúdio. Não imagino quem, mas de uma hora para outra ela começou a ser escalada para péssimos filmes. A culpa é dividida. Outros falam que os filmes eram pessimamente escolhidos por seu marido  Clifford Oddets, com quem foi casada de 1937 a 1940.

Luise começou a pressionar o estúdio a coloca-la em bons papéis, como Madame Curie, que tinha sido reservado para Greta Garbo mas que devido ao seu afastamento, foi adiado e filmado apenas em 1943, com Greer Garson. E Garson acabou ganhando o Oscar com essa personagem fortíssima.

Mais uma personagem de fibra que ela colocaria em seu currículo. Luise, assim como todas as atrizes, secretárias, enfermeiras ou qualquer outra mulher que tivesse alguma outra profissão, também fez testes para ser a Scarlett O’Hara. Já sabemos do resultado. Mais também tentou o papel de Maria em Por Quem os Sinos Dobram (1943), mas não conseguiu. O papel foi para a sueca Ingrid Bergman.

Amargurada, Luise interpretava papéis mal recebidos pelo público e todos estes eram escolhidos por Louis B. Mayer. Irada com a situação, a atriz invadiu a sala do chefe da MGM pedindo melhores papéis, pois sabia de sua capacidade. Mas mais uma vez recebeu um não. Corajosamente, essa atriz de 1:63 fez algo impensável naquela época: pediu demissão da toda poderosa MGM. Eu falo sobre isso especificamente nesta matéria abaixo:

Luise Rainer, a Atriz que enfrentou Louis B. Mayer

 

Mas ela não desistiu. Não existe apenas o cinema para um ator. A partir de então, ela dedicou-se ao teatro, aparecendo esporadicamente em algum programa de tv.  Ela sobreviveria. Em 1945 ela se casaria com Robert Knittel. O casal permaneceu unido até a morte dele em 1989.

A partir daí ela não assumiu mais nenhum romance público. Ela até voltou a atuar em 1997 em “The Gambler” quando tinha 87 anos! Luise viveria seus últimos anos em tranquilidade, na casa que pertencera a Vivien Leigh em Londres. Ela também recebeu uma Leigh, e é a atriz que mais tempo viveu depois de ganhar um Oscar. Possui uma estrela na Calçada da Fama, 6300 Hollywood Boulevard.

Luise faleceu em 30 de dezembro de 2014, quando faltava pouco para completar seus 105 anos. Deixou apenas uma filha, Francesca Knittel-Bowye.

 

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