Após a morte de um senador, inicia-se uma corrida para substitui-lo. Mas não pode ser qualquer pessoa. O perfil do candidato deve ser presumivelmente corrupto. Isso porque há interesses por trás de sua nomeação. O homem deve estar disposto a ocupar a vaga e aprovar um projeto que prevê a construção de uma represa que beneficiará o governador e o chefe político. Um primeiro nome, mas não é aceito pela população devido ao caráter do indicado. O que fazer nesse momento? Surge o nome de Jefferson Smith (James Stewart), um homem honesto porém inexperiente ao ponto de questionar algo. Sua popularidade entre as crianças seria um outro ponto fundamental, já que conseguiria muitos votos futuramente.
Será com grande decepção que essa figura irá perceber aos poucos que está cercado de pessoas que não se importam com as outras, que pensam somente em si próprias e em trazer benefícios egoístas. A primeira das decepções virá da imprensa. Ao finalmente chegar no local, é cercado pelos jornalistas que, aproveitando-se de sua ingenuidade, tecerão perguntas inconvenientes e utilizarão disto para sujar sua imagem. Conta-se que a imprensa de uma forma geral não gostou da forma como foi tratada no drama.
A segunda vem com os colegas, que o julgam um homem manipulável e bobo em acreditar em justiça social. O terceiro golpe virá pelas mãos do senador Joseph Paine (Claude Rains), amigo de seu pai e em quem ele confia copiosamente. Paine era um Smith no passado, mas se deixou levar pelos abutres que lhe colocaram contra a parede. Segundo o mesmo, para conseguir trabalhar pelo bem da nação, precisava abrir concessões. Smith fica arrasado. A incredulidade poderia tirar todas as esperanças desse homem, mas o personagem “capriano” seguirá incorrupto em suas convicções, tentando provar a todos que é um homem honesto.
Dentre os personagens caprianos, este e Mr. Deeds de “O Galante Mr. Deeds” são os mais idealistas de todos. Mas não é coincidência que os dois personagens de filmes de Capra sejam tão parecidos. A proposta inicial seria que Deeds retornasse nessa sequência. Problemas de agendas fizeram com que Gary Cooper não pudesse participar dessa versão. Sobrou para James Stewart, cuja aparência dava aquela firmeza tão precisa ao personagem. E esse foi um papel que o ator amou fazer, sem dúvidas. Era uma oportunidade de chegar finalmente ao estrelato, mas também representava ideais em que ele acreditava. Assim como Smith, Stewart era um idealista, acreditava no dever cívico, nas leis, em Deus e no engrandecimento que o exército trazia.
Apesar de seu excesso de ufanismo, a mensagem de Capra parece ser bem clara: apesar de tudo, as pessoas devem lutar por seus ideais e acreditar em um mundo mais justo. Dias melhores virão, com finais felizes para os bons. É nisso que o público americano precisava acreditar. E é isso que fez esse um dos clássicos atemporais do diretor. A Mulher Faz o Homem, décadas após seu lançamento, continua atual.
* O filme está sendo lançado pela Classicline em dvd que traz versão legendada e dublada. Pode ser encontrada em qualquer loja do ramo. Clique na imagem para adquirir: