Documentário Era Uma Vez Hollywood I, II e III – Reminiscências dos grandes musicais

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Os documentários Era uma Vez em Hollywood (Thats Entertainment) são daqueles filmes que todo cinéfilo deveria ter em sua prateleira. Mesmo para aqueles que não gostem de musicais em geral, é impossível não se envolver com as cenas trazidas daqueles grandes espetáculos realizados principalmente pela MGM. O estúdio se tornou especializado no gênero, e trouxe para seu time vários artistas, técnicos e coreógrafos que faziam de seus filmes inesquecíveis. Imaginamos vendo essas cenas quanto levaram para produzir as coreografias, ensaios, filmagens e grandes produções que agradavam em cheio a uma plateia em sua época.

Volume 1: Era uma Vez em Hollywood I (hat’s Entertainment!, 1974)

Lançado em 1974 temos a presença de vários desses artistas que fizeram parte dessa história e relembram grandes sucessos dos quais participaram. Através deles podemos passear pelos cenários, já naquele período em ruínas. De certa forma dá uma certa nostalgia e dor ao perceber que já na década de 70 tudo aquilo estava jogado de lado. É uma homenagem, mas me soa também um pouco como uma maneira de mostrar como não se valorizava de fato guardar memorabilias, figurinos ou roteiros.

Fred Astaire fala sobre aquele que ele considera um dos maiores dançarinos: Gene Kelly. Este, por sua vez, retribui a gentileza assumindo pela primeira vez que Astaire foi seu melhor parceiro, acabando com vez com a fama de rivalidade entre os dois grandes dançarinos. Mas claro que ele não esquecerá de sua maior dama nas telas, a querida Ginger Rogers. Temos a oportunidade de vê-la dançar mais uma vez à nossa frente e admirar sua competência e elegância nos passos.

Há ainda outras participações como as de Debbie Reynolds, Bing Crosby, Peter Lorre, Mickey Rooney.  Sabemos também que houve uma época em que todos os atores foram solicitados e testados para o gênero musical, mas nem todos se adaptaram, ou por não possuírem vozes potentes (que muitas vezes eram dubladas), ou por preferirem fazer parte de casts de dramas ou outros gêneros. Dois exemplos são James Stewart (que apesar de cantar muito bem uma música de Cole Porter em Born to Dance não se adaptou ao estilo). Elizabeth Taylor, mesmo que não fosse cantora também foi forçada a participar de alguns sendo dublada. A curiosidade fica por parte de Clark Gable num delicioso número de dança em Idiot’s Delight que ele apesar de ter odiado é engraçado de se ver como você pode ver abaixo:

Há ausências sentidas, algumas pelos artistas já terem partido ou outros que por um ou outro motivo não puderam participar como Esther Williams por exemplo.  Há também a presença das “novas gerações”. Liza Minnelli fala sobre sua mãe e de como iniciou a carreira no estúdio no colo dela. Judy Garland, a eterna Dorothy de O Mágico de Oz teve sua ascensão e uma vida cheia de percalços.

Volume 2: Isto Também Era Hollywood (That’s Entertainment, Part II) (1976)

Dois anos mais tarde os produtores sentiram a necessidade de lançar um volume dois, complementando as informações do excelente Era uma Vez em Hollywood. O chamado Isto Também Era Hollywood (1976) traz ainda mais participações especiais. Iniciando-se com o delcioso The Band Wagon (1953), com Fred Astaire, Oscar Levant, Nenette Fabray e Jack Buchanan cantando a canção título do documentário:

Assim como no primeiro episódio teremos diversas participações e lembranças de cenas memoráveis. Naquele período ainda tínhamos muitos remanescentes vivos e é delicioso contar com suas presenças no palco, ou dançando, refazendo as danças ou contando suas histórias. O destaque acaba sendo Astaire e Kelly que relembram juntos alguns de seus grandes colegas e dançam para o nosso deleite. Serão eles os mestres de cerimônias que irão apresentar algumas cenas e colegas. Algumas dessas cenas inéditas feitas para o documentário.

Outros queridos astros com Eleanor Powell, que abandonou a carreira tão cedo, é relembrada. Considero-a a melhor sapateadora do cinema, embora tenhamos tão bons exemplos. Como conto aqui nesta matéria ela abandonou Hollywood por não se adaptar ao sistema de estúdio.

Outros nomes são citados como Leslie Caron, Ann Miller, Jimmy Durante, Lena Horne, Cyd Charisse e Judy Garland. Red Skelton, Kathryn Grayson, Jeanette MacDonald, Mario Lanza, Nelson Eddy, Maurice Chevalier, Laurel e Hardy, Doris Day e tantos outros nomes,  Os Irmãos Marx e tantos outros também são lembrados. É de fato uma grande homenagem e que ao contrário da primeira parte não se apega somente à parte musical, dando ênfase também às cenas de comédia. Uma ênfase também é dada aos compositores e músicos, muitas vezes esquecidos quando vemos os grandes astros cantarem suas lindas composições.

Era Uma Vez Em Hollywood, Parte III (That’s Entertainment! III, 1994)

Em 1994 muitos dos astros que dançaram, cantaram e fizeram a alegria de tantos já tinham partido. Mas dezoito anos depois foi produzido o terceiro e último documentário sobre a arte do entretenimento na MGM. Infelizmente já não temos Fred Astaire como anfitrião ao lado de Gene Kelly. O ator, cantor e dançarino faleceu em 1987. Mas neste episódio temos ainda grandes participações dos remanescentes como June Alysson, Howard Kell, Debbie Reynolds, Mickey Rooney e finalmente Esther Williams.

Gene Kelly abre relembrando a música que acabou lhe consagrando Singin’ in the Rain, e é curioso ver o ator que tantas vezes nos acostumamos a ver dançando e cheio de energia já com a voz falha. A nostalgia bate forte nesta hora, mas é um dos melhores registros já feitos. E respeitoso. Ele faz um aparato geral sobre o início de tudo, os primeiros musicais que muitas vezes apelavam para o lado sensual (antes do código de censura).

Mas também é interessante notar o quanto é relembrado neste documentário sobre o quanto esse tipo de filme ajudou o público na época da grande depressão, quando todos precisavam de filmes alegres e divertidos, que os ajudassem a superar seus problemas diários. Quanto a isso, só temos a agradecer não só aos musicais, mas a todos os profissionais que dedicaram sua vida a um dos gêneros mais difíceis de serem realizados.

Impossível citar todos os nomes e momentos musicais citados, por isso incentivo fortemente você a rever os documentários e sentir a mesma vontade que senti em rever aqueles que já vi e ver os que ainda não tive oportunidade de prestigiar.

* Os documentários foram lançados em um box pela Classicline e que traz um material caprichado, como você pode ver nas imagens abaixo. Clicando nelas você também pode ser direcionado para o site da distribuidora e adquirir o box:

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